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Dez pessoas serão julgadas em Paris por assédio virtual da primeira-dama francesa Brigitte Macron

Um dono de uma galeria de arte, um publicitário, um professor, um especialista em informática e até mesmo uma médium: oito homens e duas mulheres serão julgados a partir da próxima segunda-feira (27) pelo tribunal correcional de Paris por assédio sexista na internet contra Brigitte Macron. O julgamento ocorre após o casal presidencial ter iniciado, no final de julho, um processo por difamação nos Estados Unidos, relacionado a uma notícia falsa sobre a suposta transexualidade da primeira-dama francesa.
A investigação foi realizada pelas autoridades francesas após uma denúncia apresentada por Brigitte Macron em 27 de agosto de 2024, resultando em várias ondas de detenções, a maior delas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. Os acusados podem ser condenados a até dois anos de prisão.
Os réus – com idades entre 41 e 60 anos – são suspeitos de terem feito diversas declarações maliciosas sobre o gênero e a sexualidade de Brigitte Macron. Alguns deles também teriam associado a diferença de idade entre a primeira-dama e o marido, Emmanuel Macron, à pedofilia, segundo o Ministério Público de Paris. A primeira-dama é 24 anos mais velha que o presidente e foi sua professora no Ensino Médio.
Acusados têm relação com esfera complotista
Entre os réus, está o publicitário francês Aurélien Poirson-Atlan, de 41 anos, conhecido nas redes sociais como “Zoé Sagan”. Sua conta na rede social X, atualmente suspensa, foi alvo de várias denúncias e é frequentemente associada a círculos conspiracionistas.
A médium Delphine J., de 51 anos, conhecida pelo pseudônimo Amandine Roy, é uma das duas mulheres acusadas no caso. Ela contribuiu amplamente para disseminar o boato de que Brigitte Macron, cujo sobrenome de solteira é Trogneux, seria, na verdade, uma mulher transgênero cujo nome de nascimento era Jean-Michel.
Condenada por difamação em primeira instância em setembro de 2024, Delphine J. foi sentenciada a pagar milhares de euros em indenização a Brigitte Macron e € 5 mil ao irmão dela, o verdadeiro Jean-Michel Trogneux. No entanto, a médium foi absolvida em segunda instância em 10 de julho passado. Brigitte Macron e seu irmão recorreram da decisão à Corte de Cassação.
“Tornando-se Brigitte”
A diferença de idade de 24 anos entre a primeira-dama e o presidente alimentou, em parte, a propagação do boato, que ultrapassou as fronteiras da França. Os rumores transfóbicos, que surgiram no primeiro mandato de Macron, em 2017, tornaram-se especialmente virais nos Estados Unidos neste ano, por meio da podcaster de extrema direita Candace Owens, autora de uma série de vídeos intitulada “Becoming Brigitte”, (“Tornando-se Brigitte”). O casal presidencial entrou com um processo contra a americana.
Várias das pessoas que serão julgadas em Paris a partir da próxima semana compartilharam publicações da influenciadora ligada ao movimento “Make America Great Again” (“Tornar a América Grande Novamente”). Uma delas mostra uma capa falsa da revista Time, onde Brigitte Macron aparece como “o homem do ano”.
Em outra publicação, um dos réus menciona a mobilização de “duas mil pessoas” dispostas a ir “de porta a porta” na cidade de Amiens, no norte da França, de onde o casal Macron é originário, para “esclarecer o caso Brigitte”. No post, o autor também diz que contará com a participação de blogueiros americanos para executar a tarefa.
O advogado da primeira-dama francesa, Jean Ennochi, não informou se ela estará presente na audiência.









