Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
RIO BRANCO
Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

RIO BRANCO

Política habitacional em Rio Branco aprofunda segregação urbana, aponta pesquisadora da Ufac

Publicado em

Foto: Professora e pesquisadora Maria de Jesus Morais I Whidy Melo/ac24horas

Rio Branco, Acre – Um novo documentário lançado neste domingo (26) traz à tona uma crítica contundente à política habitacional de Rio Branco, com a professora Maria de Jesus Morais, da Universidade Federal do Acre (UFAC), argumentando que as iniciativas atuais perpetuam um ciclo histórico de exclusão e especulação imobiliária, marginalizando ainda mais a população de baixa renda.

Na entrevista que integra o documentário “Os Desafios das Políticas Habitacionais em Rio Branco”, Morais, que leciona Geografia na UFAC há mais de 30 anos, afirma que a resolução do problema da moradia é uma obrigação do poder público, não um mero ato de boa vontade. Segundo ela, o desenvolvimento urbano de Rio Branco é marcado por um complexo “jogo de interesses” entre proprietários de terras, incorporadoras e o próprio governo, onde a população mais vulnerável tem pouca ou nenhuma voz.

Continua depois da publicidade

Desde a década de 1970, a pesquisadora observa que a chegada da frente agropecuária ao Acre forçou o êxodo de seringueiros e pequenos produtores para a capital, resultando na formação de bairros como Cidade Nova, Taquari e João Eduardo. “Essas áreas foram rotuladas como invasões, mas são, na verdade, o resultado de um processo de exclusão e da ausência de uma política habitacional consistente”, explica.

Um estudo complementar de Bruno Oliveira do Nascimento, também da UFAC, corrobora essa análise, mostrando que a especulação imobiliária e o êxodo rural criaram uma cidade fragmentada, onde a elite escolhe onde morar, enquanto os mais pobres ocupam os espaços restantes.

Continua depois da publicidade

Maria de Jesus e a professora Raquel Venturato destacam que as políticas de requalificação urbana, como a construção da Cidade do Povo, seguem um padrão semelhante, deslocando famílias de áreas centrais para regiões periféricas, sob o pretexto de que vivem em áreas de risco. “O que se vende como urbanização é, muitas vezes, desapropriação. As pessoas são removidas de seus lares e levadas para locais distantes, sem infraestrutura básica”, lamenta Morais.

A pesquisadora ressalta que a resistência de muitas famílias em deixar áreas consideradas de risco não é irracional, mas sim motivada pela desconfiança no poder público. “As pessoas já sabem o que acontece: são levadas para longe, perdem suas redes de trabalho e convívio, e continuam sem serviços essenciais”, explica.

Os estudos da professora revelam que os conjuntos habitacionais populares são invariavelmente construídos nas bordas da cidade, distantes do centro e dos serviços essenciais. “O conjunto ‘Mil e Uma Dignidades’ não será construído em frente ao TerrasAlphaville”, ironiza, ilustrando a persistente segregação urbana em Rio Branco.

Continua depois da publicidade

Foto: Whidy Melo

Continua depois da publicidade
Propaganda
Advertisement