CIDADES
Secretário critica STF e diz que chefes do tráfico em outros Estados estão entre ‘narcotraficantes neutralizados’

O secretário de da Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que chefes do tráfico de drogas do Comando Vermelho (CV) estão entre os mortos na megaoperação realizada no Rio de Janeiro, na última terça-feira, 28. Em uma coletiva, ele criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que a polícia tem limitação de atuação no Estado.
Curi afirmou que a ação teve 117 “narcoterroristas neutralizados”, ou seja, mortos, e que 99 já foram identificados. Desde número, 40 são de outros estados:
13 do Pará
7 do Amazonas
6 da Bahia
4 do Ceará
1 da Paraíba
4 de Goiás
1 de Mato Grosso
3 do Espírito Santo
Do total de mortos na operação, segundo o secretário, 42 tinham mandados de prisão pendentes e 78 apresentavam passagens criminais por crimes como homicídio, tráfico de drogas, roubos e organização criminosa.
Em seguida, ele afirmou que a Polícia Civil havia alertado há cinco anos, em junho de 2020, “com o advento das restrições e limitações às operações policiais”, que a medida implicaria no fortalecimento do crime organizado. A autoridades se refere às diretrizes fixadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que disciplina operações policiais em comunidades.
“Alertamos que as favelas se tornariam bases operacionais do crime organizado e o local convidativo para que lideranças de outros estados viessem para cá. Nós alertamos, nós avisamos e hoje está aqui a constatação disso”, declarou.
Já o secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, afirmou que o plano de retomada de territórios no Estado, determinado pela ADPF 635, deve ser entregue no dia 20 de dezembro ao governo federal.
“Estado nenhum no Brasil tem condições de fazer de forma permanente ocupação dentro de comunidades. Se a gente pegar todo o efetivo e dividir pelas comunidades, daria 7 policiais por comunidade. A solução não é a ocupação. A solução é a retomada”, declarou.
QG da Facção
Curi apontou que até 2010, os complexos da Penha e do Alemão eram o QG da facção apenas no Rio de Janeiro, mas que agora, constatou-se passou a ser a nível nacional. São desse locais que partem todas as decisões e diretrizes da facção para outros estados.
“A investigação e os dados de inteligência comprovam que são nesses complexos que são feitos treinamentos de tiro, tática de guerrilha, manuseio de armamento, computação desses marginais para serem ‘formados’ aqui e depois retornarem a seus estados de origem e fazerem a implementação da cultura da facção”, diz.
“É preciso uma mobilização nacional no combate a essa organização que não é mais uma organização criminosa, é uma organização terrorista com práticas terroristas e táticas de guerrilha que dão ordens para a execução de desafetos e agentes públicos, que oprimem o morador da comunidade”, complementou.
Ele também diz que a medida em vigor é “completamente desconectada da realidade” e “completamente branda e leniente”. Curi também pede que ela seja atualizada para que as polícias “possam dar uma resposta à altura”.
Ainda durante a coletiva, ele negou que a operação tenha vazado, e que o resultado mostra isso. “Não tem nada que comprove isso. É importante desmistificar esse tipo de narrativa. Houve uma movimentação de 2,5 mil agentes, de veículos blindados, viaturas. Isso é inevitável”, declarou.
Santos já havia confirmado na última quarta-feira, 29, que o principal alvo da operação Edgar Alves Andrade, conhecido como Doca da Penha ou Urso – uma das lideranças da facção – não havia sido preso.
“O Doca, nós não conseguimos pegar nesse primeiro momento porque é uma estratégia que eles fazem”, disse o secretário. Santos explicou, ainda, que Doca coloca “soldados” como barreira, o que dificulta sua captura.
O governo do Rio de Janeiro está oferecendo R$ 100 mil em recompensa para quem der informações, via Disque-Denúncia, que ajudem a capturar o líder que segue foragido.