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GERAL

Uniões consensuais mantêm alta no Brasil e ultrapassam pela 1ª vez casamentos civis e religiosos

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Casamento Foto: Foto gerada pelo Gemini

As uniões consensuais continuam crescendo no Brasil, ultrapassam pela primeira vez o percentual de pessoas que vivem unidas através do casamento civil e religioso e se tornam a forma de união mais frequente em 2022. O dado é do Censo Demográfico: Nupcialidade e Família, divulgado nesta quarta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o resultado, em 2022, 38,9% das uniões eram consensuais — quando uma pessoa mora com a outra e elas declaram que estão em união –, 37,9% eram casadas tanto no civil quanto no religioso, 20,5% relataram que a união era só no civil e 2,6% tinham se casado apenas no religioso.

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No período de 2000 a 2022, o levantamento mostra que somente as uniões consensuais e o casamento apenas no civil cresceram. As uniões consensuais tiveram seu grande aumento entre 2000 (28,6%) e 2010 (36,4%), com uma redução do ritmo de crescimento de 2010 para 2022, quando chegou a 38,9%. Já o casamento só no civil, era 17,5% em 2000, caiu para 17,2% em 2010 e voltou a crescer em 2022, ficando em 20,5%.

Ainda comparando o período analisado, o casamento civil e religioso caiu de 49,4% para 37,9%, enquanto o casamento apenas no religioso diminuiu de 4,4% para 2,6%. Segundo a analista do IBGE Luciene Longo, esse aumento das uniões consensuais está muito ligado a uma fase que o Brasil tem passado, assim como outros países, que é chamada de Segunda Transição Demográfica.

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“A Primeira Transição Demográfica é a questão da diminuição das faixas de mortalidade e de fecundidade, trazendo níveis muito baixos. E, somado a isso, tem uma série de transformações culturais da sociedade que chamam a atenção, como o aumento das uniões consensuais, a postergação tanto dos casamentos quanto dos nascimentos. Isso tudo é chamado na literatura de Segunda Transição Demográfica”, explica.

“Ela ocorre de forma distinta entre os países, mas no Brasil, foi muito caracterizada por esse aumento das uniões consensuais e a queda da fecundidade juntamente com a postergação dos nascimentos e uniões. É uma característica marcante do País”, detalha a analista.

Estados conjugais 

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A pesquisa observou que, de 2000 a 2022, o número de pessoas que viviam em união teve um crescimento tímido, mas contínuo: foi de 49,5% para 51,3%. O percentual de pessoas que não viviam mais em união conjugal, mas já viveram –ou seja, os separados, divorciados e viúvos–, também aumentou: passou de 11,9% para 18,6%, aumento da ordem de 56%, no total. Por outro lado, reduziu o percentual de pessoas que nunca viveram em união, de 38,6% para 30,1%.

Das pessoas que viviam unidas em 2022 — seja por casamento civil e/ou religioso ou união consensual –, há uma diferença entre homens e mulheres, considerando a idade. Mulheres mais novas, com idades até 39 anos, estavam unidas em uma proporção maior do que os homens. Na faixa de 30 a 39 anos, eram 24,6% das mulheres unidas e 22,8% dos homens, por exemplo.

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A partir dos 40 anos, no entanto, esse cenário se inverte: na faixa de 60 anos ou mais, eram 22,5% dos homens unidos e 16,7% das mulheres.

“Isso corrobora a tendência de homens se unirem com uma média de idade maior, de 26 anos, em comparação à média de 23,5 anos para as mulheres”, pontua o IBGE.

Quando analisadas por cor ou raça, as pessoas que se declaram indígenas, pretas ou pardas optaram mais pela união consensual, com percentuais de 56,0%, 46,1% e 43,8%, respectivamente. Já as pessoas de cor ou raça branca, 46% escolheram o casamento civil e religioso. Entre as que se declaram de cor amarela, esse percentual sobe para 48,2%.

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O levantamento ainda apontou que a busca por parceiros com as mesmas características é a forma mais comum de se unir. Em 2022, 67% das pessoas estavam unidas com pessoas do mesmo grupo de cor ou raça. Isso também é percebido em termos educacionais: 58,2% uniram-se a pessoas com o mesmo nível de instrução.

Perfil das pessoas em união consensual

As regiões Norte e Nordeste do País são as que contam com os maiores percentuais de pessoas que viviam em união consensual. No Amapá, 62,6% de pessoas estavam nesse tipo de união — esse é o maior percentual do País.

As uniões consensuais também são mais frequentes entre pessoas mais jovens, até 39 anos, e em faixas de menor rendimento domiciliar per capita. Para pessoas com rendimento até meio salário-mínimo, 52,1% das uniões eram consensuais. Com até um salário mínimo, eram 40,1%.

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“Casar formalmente é caro, isso faz com que as pessoas que tenham uma renda mais baixa faça opção por uma união informal, sem toda aquela circunstância de um casamento civil e religioso, que, muitas vezes, para pessoas de renda mais alta está atrelada a uma cerimônia, a uma festa”, analisa Luciene.

Em relação a convicções religiosas, a união consensual foi a opção de 40,9% dos católicos, 28,7% dos evangélicos, 37,0% de pessoas de outras religiões e 62,5% dos sem religião.

O questionário do IBGE foi aplicado para pessoas de 10 anos ou mais e os dados não incluem domicílios localizados em Terras Indígenas.

 

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