CIDADES
Enem 2025: leia exemplo de redação escrita por professora com tema do ano passado para se inspirar

Em poucos dias, mais de 4 milhões de candidatos vão fazer a prova mais aguardada do ano: o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025. Motivo de preocupação para muitos, a redação já é aplicada no primeiro domingo do exame e sempre gera muita expectativa nos estudantes, especialmente pelo tema.
Na última edição, os participantes foram desafiados a refletir e escrever sobre os “desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Para você se inspirar para a redação deste ano, o Terra traz um exemplo de texto dissertativo-argumentativo com a temática proposta em 2024 e escrito por Roberta Panza, autora e professora do Colégio e Sistema Pueri Domus.
É importante lembrar que a redação tem como objetivo avaliar a capacidade de argumentação e escrita dos candidatos. Os participantes devem desenvolver um texto com até 30 linhas, com base no tema proposto. São exigidas a apresentação de uma tese, argumentação consistente e proposta de solução para o problema abordado.
Com pontuação máxima de mil pontos, a redação tem um peso importante no resultado final do Enem. Quem tira zero não consegue usar a nota do exame no ingresso em universidades públicas ou privadas, além de minimizar as chances de conseguir bolsas de estudo ou intercâmbios.
Exemplo de texto escrito pela professora:
Ao longo de sua carreira musical, Emicida trouxe como base a exaltação da matriz africana e a sua influência na formação cultural brasileira. Toda essa inspiração atingiu seu ápice com o documentário “Amarelo”, obra de grande resgate da matriz negra no país. Infelizmente, toda essa valorização desenvolvida pelo rapper não retrata a realidade brasileira como um todo, haja vista a persistente desvalorização da herança africana no Brasil. É urgente, então, compreender como a mídia e o Estado corroboram a manutenção desse cenário hostil para tão importante matriz cultural.
Sob essa perspectiva, cabe analisar como a reprodução de estereótipos ainda se faz presente nas mídias e intensifica a manutenção da invisibilização da matriz negra no país. De fato, ainda que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 221, afirme ser função dos veículos midiáticos a disseminação da diversidade cultural, existe – na prática – a priorização de conteúdos sobre africanidades majoritariamente em momentos específicos, caso do novembro negro. Isso, porque há um interesse mercadológico no alcance do marketing, o que revela como o capitalismo já se apropriou dessa pauta e a transformou em mercadoria. Como consequência, não só persiste a ignorância desse legado por parte de grande parte da sociedade, mas também se perpetua um preconceito que leva à estigmatização dessa raiz, caso da marginalização das religiões de matriz africana, do funk e do rap.
Além disso, convém mencionar a negligência do Estado com o cumprimento da lei sobre cultura e literatura africana. De fato, apesar desde 2003 existir uma legislação federal que obriga esse ensino, a sua efetivação ainda não é uma realidade no país. Essa desobediência ocorre pela priorização de um ensino eurocentrado e pela certeza da impunidade e da falta de fiscalização governamental. Como resultado, inúmeros centros de ensino ainda investem em um currículo pouco inovador que associa o legado africano apenas à escravização. Infelizmente, nisso tudo, o país segue formando jovens alheios à grandiosidade da herança africana.
Evidencia-se, portanto, a necessidade de medidas em prol da valorização do legado africano no Brasil. Desse modo, cabe às mídias, veículos de comunicação responsáveis pela disseminação da cultura no país, a ampliação do debate sobre a matriz africana e sua importância para o Brasil. Isso deve ser realizado por meio da divulgação de publicidades e ficções engajadas, a fim de iniciar o importante processo de desconstrução da perspectiva preconceituosa com essa matriz e com sua contribuição para a cultura brasileira. Ademais, assiste ao Ministério da Educação a organização de fiscalizações periódicas nas escolas as quais premiem aquelas que realizarem boas práticas. Assim, com todas essas ações, será possível construir um Brasil que valorize efetivamente suas raízes.
Veja os temas da redação em edições anteriores
Enem 2023: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”
Enem 2022: “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”
Enem 2021: “Invisibilidade e Registro Civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”
Enem 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”, na versão impressa; e “O desafio de diminuir a desigualdade entre regiões no Brasil”, na digital.
Enem 2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”
Enem 2018: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”
Enem 2017: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”
Enem 2016: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”
Enem 2015: “A Persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”
Enem 2014: “Publicidade infantil em questão no Brasil”
Enem 2025
As provas do Enem 2025 serão aplicadas em dois domingos seguidos, nos dias 9 e 16 de novembro deste ano. No total, o exame tem 180 questões objetivas e uma redação, e é dividido da seguinte forma:
Primeiro dia do Enem – 9/11: prova conta com 45 questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; 45 questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias; e a redação (texto dissertativo-argumentativo). O exame começa às 13h30 e termina às 19h.
Segundo dia do Enem – 16/11: prova traz 45 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e 45 questões de Matemática e suas Tecnologias. O exame inicia às 13h30 e vai até as 18h30.
Nos dois dias, os portões dos locais de prova abrem às 12h e são fechados às 13h (horário de Brasília).
Em Belém, Ananindeua e Marituba (PA), a edição deste ano será aplicada nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro em razão da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém no período da aplicação regular do exame.