PIB do Acre em 2023: entre o mérito, a herança e a realidade econômica

Rio Branco, Acre – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados consolidados do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, revelando um crescimento expressivo de 14,7% para o Acre, o maior entre todos os estados do país. Embora o número seja motivo de celebração para alguns, uma análise econômica mais aprofundada se faz necessária.

É inegável que o crescimento do PIB reflete decisões econômicas acertadas e uma atividade econômica aquecida. No entanto, é crucial considerar o contexto em que esses resultados foram alcançados. O ano de 2023 marcou o primeiro ano do segundo mandato de Gladson Cameli, sucedendo um período de dificuldades econômicas intensificadas pela pandemia de Covid-19.

A recuperação do setor agropecuário, com um crescimento de 17,1%, foi um dos principais impulsionadores do PIB acreano. Além disso, o governo estadual desempenhou um papel fundamental, aumentando sua participação no PIB de 35,9% para 38,5% através do aumento da despesa pública administrativa.

Outro fator importante a ser considerado é a herança recebida pela gestão atual. Cameli assumiu o governo em 2019, encontrando uma máquina pública com pouca estruturação, após anos de dificuldades econômicas. A manutenção do pagamento em dia dos servidores públicos, um mérito da gestão atual, também contribuiu para o aquecimento da economia local.

Apesar da importância da Administração Pública, a agropecuária se destacou, saltando de 7,5% de participação no PIB em 2019 para 17,1% em 2023, impulsionada pela pecuária e pelas safras de soja. Esse crescimento notável ocorreu apesar dos desafios de infraestrutura e da instabilidade na Secretaria de Estado de Agropecuária.

É importante ressaltar que o PIB é um indicador macroeconômico que não revela a distribuição da renda. Em 2023, o PIB per capita do Acre foi de R$ 31.676, a 17ª posição entre os estados brasileiros.

A equipe de governo demonstra cautela ao receber os dados do PIB, reconhecendo que, embora positivos, eles não refletem necessariamente uma melhoria generalizada na vida da população. O crescimento do PIB é, portanto, um dado que empolga mais os comunicados oficiais do que a realidade econômica vivida pela maioria dos acreanos.