POLÍTICA
Veja o diálogo em que Bolsonaro admite ter usado solda para danificar tornozeleira

Um relatório enviado pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) atestou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), preso preventivamente neste sábado, 22, tentou violar a tornozeleira de monitoramento eletrônico.
Além do relatório, a pasta anexou um vídeo, obtido pelo Terra, em que a diretora-adjunta Rita Gaio questiona Bolsonaro dispositivo, que aparece com marcas de avaria. O ex-presidente afirma: “Meti um ferro quente aí” (assista acima).
Veja o diálogo em que Bolsonaro fala sobre a tornozeleira:
Diretora: Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa pra queimar?
Jair Bolsonaro: Meti um ferro quente aí.
Diretora: Ferro quente?
Bolsonaro: Curiosidade.
Diretora: Que ferro foi? Ferro de passar?
Bolsonaro: Não. Ferro de soldar, solda.
Diretora: Ferro de soldar? Aquele que tem uma ponta?
Bolsonaro: Sim.
Diretora: Tá certo. O senhor tentar puxar a pulseira, também?
Bolsonaro: Não, não não, isso não. Não rompi a pulseira, não, fica tranquila.
Diretora: Pulseira aparentemente intacta, mas o case violado. Que horas o senhor começou a fazer isso, senhor Jair?
Bolsonaro: Já no final da tarde.
Diretora: Final da tarde? Tá certo. Essa tampa chegou a soltar, não?
Bolsonaro: Não.
O relatório da secretaria distrital aponta: “O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local do encaixe/fechamento do case”.
Além de decretar a prisão preventiva de Bolsonaro, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, também deu prazo de 24 horas para que a defesa do ex-presidente se manifeste acerca da violação do equipamento.
Prisão preventiva de Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente neste sábado, 22, em Brasília (DF), pela Polícia Federal em cumprimento a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão é uma medida cautelar. Ou seja, ainda não se trata do cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses de prisão à qual foi condenado no julgamento da trama golpista.
Bolsonaro, que já estava em prisão domiciliar, foi levado à sede da PF. Ele ficará em uma sala de Estado, espaço reservado para figuras de alto escalão da política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Michel Temer (MDB) também ficaram detidos em salas da Polícia Federal.
Segundo a decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar foi apresentada como um dos fatos novos para a definição da medida cautelar.
“O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu”, diz o documento com a data deste sábado.
O que diz a defesa de Bolsonaro?
Em nota, a defesa afirmou que a prisão preventiva “pode colocar sua vida em risco” por causa de seu estado de saúde e disseram que irão apresentar recurso contra a decisão. Os advogados dizem que “causa profunda perplexidade” a motivação da prisão por causa da convocação de uma vigília de orações na casa do ex-presidente.
Eles também rebateram a suspeita de risco de fuga citada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e afirmam que ele estava sendo monitorado por policiais e foi detido com sua tornozeleira eletrônica.
Veja o comunicado na íntegra:
“A prisão preventiva do ex-Presidente Jair Bolsonaro, decretada na manhã de hoje, causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações. A Constituição de 1988, com acerto, garante o direito de reunião a todos, em especial para garantir a liberdade religiosa. Apesar de afirmar a “existência de gravíssimos indícios da eventual fuga”, o fato é que o ex-Presidente foi preso em sua casa, com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades policiais. Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível.”









