Master pagava R$ 3,6 mi por mês a escritório de familiares de Alexandre de Moraes, aponta reportagem

O Banco Master contratou o escritório Barci de Moraes Sociedade de Advogados —integrado pela esposa e dois filhos do ministro Alexandre de Moraes, do STF— por R$ 3,6 milhões mensais para defender seus interesses, conforme informou o jornal O Globo na terça-feira (9). O acordo, com validade de 36 meses a partir de 2024, poderia render R$ 129 milhões ao escritório até 2027, caso a instituição não tivesse sido liquidada pelo Banco Central.

O contrato previa a representação do Master perante órgãos como BC, Receita Federal e Congresso Nacional —sem causa ou processo específico definido—, além da coordenação estratégica, consultiva e contenciosa perante Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. O documento com os termos do acordo teria sido encontrado no celular de Daniel Vorcaro, dono do banco, preso durante a operação Compliance Zero da PF em 17 de novembro, quando se preparava para viajar ao exterior.

Nas mensagens encontradas, Vorcaro teria destacado que os pagamentos ao escritório de Viviane Barci de Moraes (esposa de Moraes) eram prioridade e não podiam ser interrompidos. Com a liquidação do Master pelo BC, os desembolsos foram parados —mas, se tivessem sido honrados até outubro de 2025 (último mês antes da intervenção), o escritório já teria recebido R$ 79 milhões.

O gabinete de Moraes, procurado pela reportagem por meio da assessoria do STF, não respondeu aos questionamentos. A defesa de Vorcaro, a assessoria do banco e o escritório Barci de Moraes também não se pronunciaram. Vorcaro foi solto em 28 de novembro por decisão do TRF-1, que determinou o uso de tornozeleira eletrônica.

A operação Compliance Zero teve como objetivo combater a criação de crédito falso por instituições financeiras. Nas investigações, consta que o BRB pagou R$ 12,2 bilhões ao Master em operações dessa natureza. A PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 25 de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal.