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BRASIL

Brasileiros que deixaram Gaza devem chegar ao Brasil na segunda à noite, diz Itamaraty

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Os brasileiros que estavam esperando ajuda das autoridades para deixar a Faixa de Gaza chegaram à capital do Egito, Cairo, no fim da tarde de domingo (12/11). O grupo deve embarcar para o Brasil nesta segunda-feira (13/11), segundo o governo brasileiro.

Eles conseguiram atravessar a fronteira neste domingo e seguiram para o Egito, informou o governo federal ainda no período da manhã.

No início da noite deste domingo, eles chegaram ao hotel no Cairo, onde pernoitarão, informou o Itamaraty.

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse — em entrevista coletiva em Brasília na tarde deste domingo — que os brasileiros estão em um comboio terrestre a caminho do Cairo, onde passarão a noite em um hotel. A viagem por ônibus dura cerca de 6 horas. Diplomatas brasileiros estão acompanhando o grupo.

O voo da Força Aérea Brasileira de repatriação para o Brasil deverá decolar da capital egípcia na manhã de segunda-feira (13/11) às 11h50 da manhã no horário local (3h30 no horário de Brasília). A chegada ao Brasil — após paradas técnicas na Itália, Espanha e Recife — está prevista para 23h30 de segunda-feira no horário de Brasília.

Segundo nota do ministério das Relações Exteriores do Brasil nas redes sociais, divulgada às 5h42 da manhã deste domingo, o grupo de 32 brasileiros chegou ao Egito, onde foi recebido por uma equipe da embaixada brasileira no Cairo, responsável pela etapa final da repatriação.

Ainda de acordo com o Itamaraty, duas pessoas desistiram de ir para o Egito e ficaram em Gaza.

O governo brasileiro disse que não daria informações detalhadas sobre os “motivos pessoais” das duas pessoas que desistiram, em respeito à sua privacidade. Vieira disse que uma delas era menor de idade e a outra seria a responsável adulta da menor — mãe ou avó. Ambas desistiram de deixar Gaza antes de cruzar a fronteira, segundo o ministro.

O governo brasileiro divulgou vídeos e fotos do grupo de brasileiros que deixou Gaza. O presidente Lula parabenizou os órgãos brasileiros pela operação.

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“Parabéns para o Itamaraty e a FAB pela dedicação e competência exemplares na Operação Voltando em Paz, que buscou e acolheu os brasileiros que vivem na região do conflito e desejavam retornar ao Brasil”, escreveu Lula.

Com a saída do primeiro grupo de brasileiros da Faixa de Gaza neste domingo, ao todo 1.477 pessoas deixaram Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza pela Operação Voltando em Paz.

A saída dos brasileiros era esperada para sábado, mas a fronteira fechou por problemas diplomáticos entre Egito e Israel, segundo uma fonte ouvida pela BBC News Brasil.

Na sexta-feira, o governo havia divulgado planos para a repatriação dos brasileiros. A previsão anterior era de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberia os repatriados na Base Aérea de Brasília no domingo.

O secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, detalhou o planejamento para a acolhida do grupo de brasileiros.

“Alguns brasileiros já têm destino certo porque têm familiares aqui, então serão deslocados para esses locais. Uma parcela significativa, quase a metade do grupo, não tem onde ficar, mas o Governo Federal já disponibilizou, através do Ministério do Desenvolvimento Social, um local onde essas pessoas ficarão acolhidas. Vai ser no interior de São Paulo”, afirmou Botelho.

O secretário não disse em qual cidade, mas afirmou que é um local que tem experiência na recepção de estrangeiros e refugiados.

Segundo Botelho, assim que chegarem, os repatriados serão atendidos por equipes multidisciplinares abrangendo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, profissionais da Polícia Federal (para ajudar com a regularização de documentos) e de agências da ONU, com intérpretes.

A inclusão do Brasil na lista dos países autorizados a repatriar seus cidadãos foi confirmada pelo Itamaraty na quinta-feira (9).

O grupo de brasileiros e seus familiares dessa primeira lista estava dividido entre duas cidades palestinas antes de se deslocar para as proximidades da fronteira: 18 estavam na cidade fronteiriça de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito; e 16 em Khan Yunis, perto da mesma fronteira.

O plano é que do Cairo eles sigam em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) rumo ao Brasil, com escalas em Roma, na Itália; Las Palmas, na Espanha; e Recife.

A expectativa de retirada dos brasileiros ocorre após semanas de incertezas, tratativas e crises diplomáticas.

O grupo ficou de fora das sete primeiras listas de estrangeiros autorizados a deixar o território palestino — até agora, centenas já cruzaram a fronteira, entre 300 a 600 por dia.

A demora para a liberação dos brasileiros acabou estremecendo as relações entre Brasil e Israel.

A tensão entre os dois países foi intensificada por outros episódios recentes, como o encontro entre o embaixador do país no Brasil, Daniel Zonshine, com parlamentares de oposição e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); e as declarações de autoridades israelenses sobre uma operação da Polícia Federal que prendeu dois brasileiros suspeitos de fazerem parte do Hezbollah e planejarem uma série de ataques no Brasil.

Nas redes sociais, perfis bolsonaristas vêm politizando a liberação dos brasileiros em Gaza, atribuindo o feito a Bolsonaro, que afirmou ter pedido ao governo de Benjamin Netanyahu a saída deles.

Em 7 de outubro, combatentes do Hamas fizeram um ataque surpresa contra Israel, matando 1,4 mil pessoas e fazendo outras 200 reféns, segundo autoridades israelenses.

Israel lançou, em retaliação, uma campanha militar em Gaza que já matou mais de 10,8 mil pessoas, sendo mais de 4,4 mil crianças, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

Desde então, o governo brasileiro emitiu notas condenando os ataques e tentou viabilizar uma resolução no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que previa um cessar-fogo.

A resolução, no entanto, não foi aprovada.

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