Para especialistas, o baixo índice de vacinação pode desencadear uma epidemia da enfermidade e agravar o cenário durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Dos 80 milhões de doses que foram distribuídas pelo Ministério da Saúde, somente 67,9 milhões chegaram efetivamente ao braço dos brasileiros. Isso equivale a 84% do total.
Os dados foram analisados pelo Metrópoles, com base em material publicado pelo LocalizaSUS, plataforma de prestação de contas do Ministério da Saúde.
Hoje, não é preciso ter intervalo entre a aplicação das vacinas contra a Covid-19 e a da gripe.
Levantamento do Metrópoles publicado em 29 de dezembro constatou que já foram notificados ao menos 2,9 mil casos de H3N2, sendo que 21 pessoas morreram por complicações da doença.
As unidades da Federação que mais notificaram casos da gripe foram Amazonas, Bahia, Rondônia, Ceará e Pernambuco. Ao menos seis estados já registraram mortes após contaminação pelo H3N2: Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
Apesar dos números, as autoridades sanitárias ainda não tratam a situação como epidemia.
Desde o início da campanha, em abril, o temor das autoridades sanitárias era de que a empreitada não alcançasse o público-alvo por causa da imunização contra a gripe.
Na tentativa de ampliar a cobertura, o Ministério da Saúde liberou, em julho, as doses para todas as faixas etárias.
A comunidade médico-científica entende que estamos menos protegidos nos últimos dois anos devido a uma baixa ocorrência de gripe. O relaxamento recente das medidas de isolamento social deixou a população mais vulnerável.
Alerta
Para o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, a situação é grave e requer atenção. “Estamos vivendo uma epidemia de H3N2 dentro da pandemia da Covid”, afirmou nessa quinta-feira (30/12), em entrevista coletiva, ao anunciar que em 24 horas o número de mortos pela doença no estado passou de 5 para 11.
“Essencial”
A infectologista Joana D’arc Gonçalves, mestre em medicina tropical pela Universidade de Brasília (UnB), explica que a vacina é essencial, mesmo não contendo a cepa em circulação.
“A vacina não tem a variante que está responsável pelo surto. No ano que vem é que a variante será incluída. Muita gente deveria ter se vacinado e isso ajudaria [a diminuir adoecimentos]”, frisa.
A pandemia também impactou o panorama. “Muita gente ficou confusa e algumas pessoas não se imunizaram. A questão de intervalos acabou deixando as pessoas um pouco confusas. Um grupo grande acabou não se vacinando e isso é ruim”, conclui.
Versão oficial
O Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Saúde para que a pasta comentasse os índices de testagem no país e dissesse se os considera baixos, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço continua aberto a esclarecimentos.