Açaí em falta: Acre busca solução no Amazonas

O mercado de açaí em Rio Branco, Acre, enfrenta uma escassez crescente, forçando o comércio local a buscar suprimentos no sul do Amazonas. Apesar do potencial da região, a produção acreana de açaí ainda não consegue atender à demanda interna, revelando desafios na consolidação da cadeia produtiva.

Produtores como Raimundo Cardoso, com sua plantação de 12 hectares irrigados de açaí, demonstram a viabilidade da cultura na região. Sua produção de alta qualidade e localização estratégica garantem boa aceitação no mercado local, porém, a escala de produção ainda é limitada. Cardoso planeja expandir sua área cultivada para 50 hectares, mas o alto custo de produção – estimado em R$ 50 mil por hectare – representa um obstáculo para a maioria dos agricultores familiares. A falta de políticas públicas que incentivem a produção em pequena escala agrava a situação.

A construção de um Complexo Industrial do Açaí em Feijó, anunciada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), representa um avanço significativo. A iniciativa, impulsionada pela recente certificação de origem para os produtores da região, visa agregar valor à produção e fortalecer a cadeia produtiva.

Por outro lado, o açaí nativo, apesar de importante fonte de renda para extrativistas, enfrenta dificuldades comerciais devido ao aumento da distância dos centros consumidores em decorrência do desmatamento. A produção de açaí cultivado no Acre ainda é pequena, estimada em menos de mil hectares, contrastando com o sucesso do Pará na implementação de tecnologias inovadoras.

O Pará se destaca com o desenvolvimento de um robô de colheita de açaí, produzido pela KAATECH, que garante a extração da fruta com segurança, sem risco de acidentes e sem o uso de mão de obra infantil. Com um custo acessível (cerca de R$ 20 mil), o robô representa uma solução tecnológica que aumenta a eficiência e reduz os custos de produção, demonstrando o potencial de inovação na cadeia produtiva do açaí. A comparação entre a situação do Acre e a do Pará destaca a necessidade de investimentos em tecnologia e políticas públicas para impulsionar a produção acreana de açaí e garantir o abastecimento do mercado interno.