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CIDADES

Aos 70 anos, ambulante Árabe do Pepê faz sucesso na praia do RJ com camelo cenográfico

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Há mais de 35 anos trabalhando como ambulante na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, Marco Antônio Maciel, conhecido como o Árabe do Pepê, é uma figura icônica nas praias cariocas. Ele se destaca como um dos principais vendedores de culinária árabe, conhecido não apenas pela qualidade de seus produtos, mas também por trabalhar de um jeito único: vestido de árabe, com um camelo cenográfico que toca música e ao lado de uma dançarina caracterizada de odalisca.

É dessa forma que ele percorre a Praia do Pepê, situada no coração da Barra da Tijuca. Aos 70 anos,  ele costuma a trabalhar apenas de fins de semana, feriados e durante a época de grante temporada, como férias e final de ano. Como ele mesmo brinca, a sua idade não o permite trabalhar tanto quanto trabalhava no passado.

“Estou alimentando a terceira geração de pessoas. Eu faço esse trabalho com maior carinho e prazer. As pessoas me tratam como se eu fosse um artista, e eu adoro esse carinho. Chamo muita atenção, as crianças ficam doidas e as pessoas pedem fotos toda hora. Tem clientes que eram bebês quando tiraram foto no camelo, hoje em dia os filhos deles estão tirando foto no camelo”, inicia o ambulante, que afirma não pretender parar tão cedo de trabalhar com o que ama.

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Antes de se tornar uma figura marcante nas praias cariocas, Marco Antônio era ex-discotecário de boate. O início de sua jornada como vendedor de culinária árabe foi marcado pelo acaso, quando um amigo lhe deu uma roupa de árabe que ele iria descartar.

“Na época, tinha pouca comida árabe na praia. Então eu fui numa casa árabe na primeira vez, comprei 20 salgados e fui pra praia vender vestido com a roupa árabe”, conta ele.

Seu ponto de virada aconteceu durante o primeiro torneio de vôlei de praia em Ipanema, onde ele fechou uma reportagem para um telejornal referência na região. A paixão pela comida árabe o levou a se aprimorar para suas vendas. “Me tornei um dos melhores árabes do Rio de Janeiro, mesmo não sendo árabe”, brincou ele.

Atualmente, o ambulante vende uma variedade em comida árabe, incluindo opções como esfihas, quibe, arroz com lentilha, kafta, quibe de bandeja, romus e pão árabe.

O sucesso da caracterização de árabe

Sobre sua vestimenta característica e o camelo cenográfico, ele explica que o camelo e a dançarina não foram implementados em sua rotina logo no início do trabalho como ambulante.

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“Não foi no começo, porque no início da profissão eu ralei muito carregando caixa nas costas, no ombro. Depois de um tempo, eu pensei, areia combina com o deserto, né? Tinha que ter um camelo. Aí eu fui na escola de samba Mangueira e mandei fazer um camelo pra mim”, conta.

Essa característica única, aliada à sua dedicação e simpatia, o tornou uma figura conhecida em todo o país, sendo a atração de diversos programas televisivos e jornais.

Marco Antônio também é capa do livro “Anônimos Famosos”, do fotógrafo Gustavo Palheiros, aparece em uma série carioca estrelada pelo cantor Seu Jorge e foi um dos condutores da tocha olímpica das Olímpiadas no Rio.

“Eu sou praticamente tombado”, disse ele rindo. “Eu faço parte da história da praia do Rio de Janeiro. Eu moro no Rio desde os 8 anos de idade, sou paulista de nascimento, mas carioca de coração”, acrescentou.

A trajetória do Árabe do Pepê já teve desafios. Em 2015, seu camelo cenográfico original foi roubado e depredado, um acontecimento que repercutiu na mídia. Contudo, um novo camelo foi encomendado e fabricado por outra escola de samba.

Além disso, durante a pandemia, ele teve que dar uma pausa em seu trabalho e também se dedicou a cuidar de sua esposa, que estava lutando contra o câncer de pulmão. Ela faleceu naquela mesmo período.

“Agora, eu estou bem, seguindo com meu trabalho que tenho muita paixão. Para ser ambulante no Rio de Janeiro você tem que ter a simpatia com o público e ser todo legalizado, para não ter problema e oferecer um serviço de qualidade”, ressalta.

Sua licença da prefeitura e autorização especial permitem que seu camelo cenográfico ande na areia. Segundo Marco Antônio, tocando música árabe, o animal atrai naturalmente os clientes nos dias propícios para vendas. Sua presença na beira da água torna-se um espetáculo, contribuindo para o sucesso do negócio em meio às particularidades das praias cariocas.

Sobre a vestimenta que usa, o ambulante explica que, no deserto, onde as temperaturas podem ser de calor intenso ou frio extremo, a vestimenta árabe desempenha um papel crucial na proteção da saúde da pele. Ele destaca a eficácia da roupa em manter a temperatura corporal, proporcionando não apenas autenticidade ao seu trabalho, mas também um conforto essencial para enfrentar as variações climáticas nas praias cariocas.

Sua renda atual lhe proporciona uma vida confortável e ele afirma que inspirou muitos outros a seguirem seus passos. Ele é reconhecido internacionalmente, e sua presença é aguardada até mesmo pelos turistas que visitam o Rio de Janeiro.

Atualmente, ele sempre procura restaurar o camelo cenográfico que o acompanha, e esse ano já até mandou pintá-lo para a chegada do verão. Quem fez essa restauração é o pintor Carlos Hendre Gonçalves Siqueira, de 34 anos, que contou ao Terra sobre essa parceria de dois anos com o ambulante, focando na renovação artística do camelo do amigo.

“Eu sempre trabalhei com pinturas, letras, desenhos. Hoje, trabalho com pintura cenográfica para o carnaval carioca. Com relação ao Árabe do Pepê, ele vem sempre renovando esse lindo trabalho. E com o meu talento, eu dou o meu melhor com a pintura, deixando o camelo em perfeito estado para os inícios de trabalho para o verão, que ele vem sempre fazendo”, diz o pintor.

Árabe do Pepê também destaca a parceria com o amigo: “O Carlos que sempre pinta meu camelo. Ele trabalha na escola de samba, então está acostumado a pintar alegorias. E eu já estou preparado para a chegada do verão porque enquanto eu estiver respirando, enquanto Deus me dar força, eu estarei trabalhando. Eu faço isso porque eu amo meu trabalho e faço tudo com muito carinho.”

 

 

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