CIDADES
Ato por anistia reúne Deltan Dallagnol e mulher que confrontou Motta em Brasília

A pedagoga Tereza Elvira Vale, mãe de um dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, participou nesta terça-feira, 7, de um ato na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, em defesa da anistia aos presos envolvidos na invasão às sedes dos Três Poderes. Tereza viralizou nas redes sociais, em agosto deste ano, ao culpar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), por atrasar a votação do projeto de anistia. Em entrevista ao Terra, Tereza comentou a repercussão do caso. O filho de Tereza está foragido.
“Eu sou a mãe de um inocente que hoje é um perseguido político. Fui abordar o presidente Hugo Motta porque é ele que está com a caneta. Cada vez que não resolvem esse problema da anistia, mais inocentes morrem, mais inocentes adoecem, mais os familiares padecem. É um absurdo, é uma injustiça”, declarou.
A pedagoga defende a ideia que não houve tentativa de golpe e alega que seu filho, no dia do episódio, portava um terço e não estava armado. Ela não deu detalhes sobre as ações do rapaz no dia dos atos de 8 de Janeiro. Para ela, os políticos precisam se sensibilizar com a dor do povo. “Eles só pensam na gente na hora das eleições”, disse ela, que também revelou que o rapaz, atualmente, se encontra foragido, fora do país.
Questionada sobre outros momentos em que protagonizou abordagens a políticos cobrando a votação para o projeto de anistia, Elvira afirmou que o seu intuito é influenciar outras mulheres e, dessa maneira, exercer alguma pressão sobre os parlamentares.
“Fui a um evento do Republicanos. Um evento de mulheres, de mães, de avós, fui tentar fazer amizades, tentar influenciar, para ver se elas acordam, porque esses políticos não votam a anistia, mas fui expulsa por estar clamando justiça para o meu filho. Elas vivem das benesses do nosso suor, que é o nosso imposto”l lamentou.
Por fim, ela criticou Edir Macedo, bispo que fundou o partido Republicanos há vinte anos, e também voltou a citar Hugo Motta. “Como que o dono de uma igreja é a favor de deixar mulheres inocentes sangrando em uma colmeia, sem poder estar com seus filhos e famílias? O Hugo Motta é do Republicanos e é contra a anistia (…) Eu clamo a quem faz parte desta igreja do Edir Macedo: ‘perguntem a ele como pode pregar a palavra de Deus e deixar inocentes sangrando em uma Papuda, porque sequer tinha absorvente?'”.
Entre os presentes no ato, também estava o embaixador nacional do Partido Novo, o ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol. “Temos que dizer, não só com palavras, mas com ações, que o que está sendo feito com essas pessoas é uma grande injustiça”, disse ele também ao Terra.
Para Deltan, cidadãos foram condenados sem descrição individualizada do que fizeram. “Várias pessoas foram condenadas mesmo com provas contrárias, provas da sua inocência. Isso é a mais absoluta injustiça. O que a gente está vendo é a maior violação de direitos que aconteceu desde a ditadura, e está sendo praticada por quem deveria proteger os direitos fundamentais das pessoas, mas hoje os viola, tudo em nome de uma suposta democracia”.
Ainda nesta linha de raciocínio, ele criticou o STF e afirmou que o Supremo utiliza práticas para manter alguns parlamentares ‘na coleira’.
“A gente vê uma resistência das lideranças porque muitas delas dependem de investigações e processos que tramitam no Superior Tribunal Federal. Mas o que a gente quer é a verdadeira independência dos poderes (…) estamos vendo muitos absurdos”, observou, para depois complementar.
“Essa semana houve a notícia do recebimento da denúncia do senador Sérgio Moro por causa de uma piadinha de festa junina. Isso é um modo do STF manter os senadores na coleira para que ninguém avance impeachment, anistia e pautas contrárias. Isso é violação dos poderes, isso é sequestrar a independência”.
Sobre ser candidato em 2026, Dallagnol afirmou que possui uma ‘vocação para serviço’ e esse é o rumo que deve seguir. “Onde eu estiver em melhores condições de lavar os pés, lá estarei”.
Deltan Dallagnol participou do ato na Esplanada dos Ministérios, mas não subiu ao palanque bolsonarista. Cumprimentou manifestantes e permaneceu até o fim da caminhada pela anistia. A presença do político do Novo, que não integra a ala mais próxima ao ex-presidente Jair Bolsonaro, sinalizou uma convergência de forças da direita em torno da liderança do ex-mandatário.
