CIDADES
Banheiros quebrados, falta de energia e mais: Cúpula do Clima começa em meio a obras

Quatro meses de trabalho não foram suficientes para entregar a Zona Azul, no Parque da Cidade, totalmente pronta para a Cúpula do Clima, evento que serve de preparativo para a COP30 e que teve início nesta quinta-feira (6). Delegações internacionais e repórteres de diversas partes do mundo vivenciaram um evento com “jeitinho brasileiro”: o primeiro dia foi marcado pela circulação de funcionários tocando obras, banheiros quebrados ou incompletos e situações de falta de energia e de água.
O caminho da entrada do hangar, que dá acesso à Cúpula dos Líderes, até a outra ponta da Zona Azul é extenso — o espaço, cujas obras tiveram início em 3 de julho, foi projetado com uma grande área.
O clima de obra era evidente já na entrada. Para acessar o setor, era preciso passar por um detector de metais e raio-x similar ao de um aeroporto, onde a fila misturava visivelmente os dois públicos: trabalhadores com capacetes e coletes refletivos, e participantes engravatados e credenciados. A mesma divisão se repetiu na fila do credenciamento, devido ao alto fluxo de ambos os grupos.
Ao seguir andando, a vista foi de pavilhões incompletos, com tapumes e obras em andamento. Em diversos pontos também foi possível notar escadas, extintores, galões de água e outros itens que destoaram de um ambiente pensado para estar preparado para receber lideranças globais.
Diversos banheiros estão espalhados pelo espaço: e, em cada um deles, uma surpresa. Em um deles a reportagem encontrou lixeiras espalhadas pelo espaço, sujeiras picotadas pelo chão, recipientes de papel quebrados e nenhum sabonete para lavar as mãos. Em outro havia sabonete, o ambiente estava limpo, mas não tinha água nem na pia, nem nas privadas, em um período da manhã.
E assim também foram vistos outros banheiros com diversas cabines com trincos novos sem o encaixe correto – ou seja, que não fechavam a porta –, portas desparafusando e pessoas arrumando no “ao vivo”. Além de falta de papéis e lixeira.
A falta de energia foi outro aspecto que marcou o primeiro dia da Cúpula do Clima. Na sala de imprensa, a cafeteria não serviu café pela manhã pois ficou sem energia para ligar as máquinas. Na área restrita, delegações e líderes de Estado não puderam experimentar o sorvete da máquina lá instalada porque, ao menos na maior parte do dia, ela não funcionou por falta de conexão.
O Terra acionou a assessoria da COP em busca de um posicionamento sobre a questão. O espaço segue aberto e será atualizado em caso de retorno.
Cúpula dos Líderes e COP30: entenda
Belém deixou de ser apenas a capital do Pará e passou, temporariamente, a ser a capital do Brasil para receber a COP30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. É a primeira vez que o evento acontece no Brasil.
As programações da COP, em si, terão início na próxima segunda-feira, dia 10. No entanto, diversas programações esquentam o período de negociações climáticas. Nesta quinta-feira, por exemplo, teve início a Cúpula do Clima, onde os líderes mundiais se encontraram para articularem sobre os principais desafios e compromissos no enfrentamento à crise climática.
Ao longo do dia, os chefes de delegação fizeram discursos formais sobre o clima. Quem não falou nesta quinta, irá se pronunciar na sexta-feira, dando continuidade ao evento.
Lula está em Belém desde o dia 1° de novembro participando de encontros com líderes, inaugurando obras de infraestrutura e indo a encontro com comunidades locais. O presidente seguirá na capital até o dia 7, conforme divulgado em sua agenda, quando tem fim a Cúpula do Clima.
Os combustíveis fósseis seguem sendo o ‘elefante na sala’, e deve ser o tópico central da discussão — como já apontaram especialistas, como Thelma Krug que afirmou que Brasil não fará feio na COP, mas alerta: ‘não é sobre floresta, é sobre combustíveis fósseis’. E em seu discurso, Lula deu ênfase à problemática – mesmo com o posicionamento encarado como contraditório de apoiar os estudos para exploração na Foz do Rio Amazonas.
A maior parte das emissões globais são devido à queima de combustíveis fósseis — com ênfase no setor da energia. Estão entre os países que mais emitem China, Estados Unidos, União Europeia, Índia e Rússia.
No caso do Brasil, o cenário é diferente. O país emite gases de efeito estufa principalmente por mudanças do uso do solo — o que inclui queimadas, desmatamento e atividades agropecuárias. A cidade que mais emite, por exemplo, é São Félix do Xingu, onde há cerca de 40 cabeças de gado por habitante.
* A repórter Beatriz Araujo viajou a Belém com apoio do ClimaInfo.









