CIDADES
Celas de 6m² e circuito interno de câmeras: como é o presídio federal que teve fuga de detentos
Pela primeira vez no Brasil, uma penitenciária federal teve o registro de fuga presos. O caso ocorreu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, nesta quarta-feira, 14, quando Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam da unidade. O Ministério da Justiça pediu que os nomes dos fugitivos fossem incluídos na lista de procurados da Interpol e no sistema de proteção de fronteiras, para impedir uma possível fuga do País.
A fuga dos dois detentos desencadeou uma grande operação de busca, que abrangeu não apenas a região local, mas também se estendeu às divisas do Estado. O reforço policial foi ampliado, e a própria prisão foi utilizada como base para helicópteros, numa tentativa de recapturar os fugitivos.
As cinco penitenciárias federais, espalhadas pelo País em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), além de Mossoró e Brasília (DF), são destinadas para isolar líderes e membros de alta periculosidade de organizações criminosas. Essa distribuição geográfica tem como objetivo desarticular comunicações entre grupos criminosos, dificultando suas atividades, segundo informações do jornal O Estado de São Paulo.
Marco Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, do Primeiro Comando da Capital (PCC), e Luiz Fernando da Costa, o “Fernandinho Beira-Mar”, do Comando Vermelho (CV), são alguns dos detentos presos nessas unidades. Uma possível ligação dos fugitivos de Mossoró com o CV está sob investigação.
A rotina dos detentos nas penitenciárias federais é regida por rigorosas medidas de segurança, incluindo restrições de contato com o exterior e revistas minuciosas. Os presos vivem em celas de 6m², sem acesso a meios de comunicação externos, e são monitorados constantemente por circuito interno de câmeras.
Além disso, os agentes de segurança estão equipados com armamento letal e menos letal, bem como tecnologias avançadas de revista pessoal, como body scans e detectores de metais, há também sistemas de vigilância por áudio e vídeo, equipamentos de segurança e inteligência, além de uma infraestrutura física reforçada para prevenir tentativas de invasão e fuga.
A rotina dos detentos inclui seis refeições diárias, duas horas de banho de sol e acesso a atividades educacionais e atendimentos médicos conforme necessário.
As restrições fazem parte de um conjunto de medidas que compõem um sistema de segurança rigoroso – agora sujeito a questionamentos. Segundo a Secretaria Nacional de Políticas Penais, os presídios federais adotam padrões uniformes de segurança em todas as unidades, garantindo que todas sigam os mesmos critérios de fiscalização diária. Alguns dos aspectos mais importantes incluem:
Revista do preso toda vez que ele deixa sua cela;
Revista da cela sempre que o preso a deixa;
Manutenção das algemas no preso durante seus deslocamentos dentro da instituição;
Restrição do acesso do preso a meios de comunicação externos;
Realização de procedimentos e deslocamentos do preso por pelo menos dois agentes;
Monitoramento por circuito interno de câmeras de todos os procedimentos e atividades na penitenciária;
Vigilância do circuito de câmeras por agentes de inteligência da penitenciária federal, que transmitem as imagens em tempo real para a sede da Senappen em Brasília, onde outra equipe de inteligência monitora a rotina das cinco penitenciárias.
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 15, o secretário de Políticas Penais, André Garcia, ressaltou a importância de identificar e corrigir eventuais falhas nos procedimentos adotados no presídio de Mossoró. “Já adotamos uma série de medidas que não podemos e nem devemos divulgar, mas o que for necessário para garantir a todos o que eu venho dizendo e repetindo, não há chance de que um fato como esse se repita”, declarou.