CIDADES
Clima de luto e exaustão marca o dia de familiares que estiveram no IML no Rio após megaoperação

A sexta-feira, 31, foi mais um dia em que as famílias dos mortos na megaoperação do Complexo da Penha e do Alemão estiveram no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IML) para fazer o reconhecimento e a liberação dos corpos.
De acordo com a última atualização da Polícia Civil, 109 corpos já foram identificados e 89 liberados. Em comparação com os dias anteriores, a movimentação no IML foi bem mais calma ao longo da tarde e início da noite desta sexta.
Consternados, os parentes das vítimas recebiam acolhimento social e orientações jurídicas oferecidos pela Defensoria Pública-RJ enquanto enfrentavam os trâmites para realizar o reconhecimento. Abalada com a situação, em determinado momento, uma senhora chegou a desmaiar repentinamente e foi acolhida por uma equipe médica, que estava de plantão. Além disso, carros de diversas funerárias chegavam ao local, durante a tarde chuvosa, para a retirada dos corpos. O clima foi tomado por uma sensação de luto e exaustão no semblante das pessoas.
O cenário era completamente diferente da quinta-feira, 29, quando dezenas de famílias, indignadas com a morosidade do atendimento no IML, protestaram e chegaram até mesmo a fechar uma das avenidas em frente ao instituto para cobrar maior rapidez para a solução dos casos.
Na ocasião, o ato foi dispersado com truculência por partes dos policiais, que utilizaram spray de pimenta contra os manifestantes e os profissionais de imprensa.
Mais cedo, nesta sexta-feira, o Governo do Rio de Janeiro informou que 99 dos 117 suspeitos mortos já haviam sido identificados. Do total de mortos — 121, segundo o governo —, 40, ou seja, um terço do total, eram de outros estados, sendo 13 do Pará; 7 do Amazonas; 6 da Bahia; 4 do Ceará; 1 da Paraíba; 4 de Goiás; 1 de Mato Grosso e 3 do Espírito Santo.
Sobre as próximas etapas do plano do governo, Victor Santos, secretário de segurança, declarou na última quinta-feira que não haverá ocupação de territórios, e sim retomadas de território.
Segundo ele, a região de Jacarepaguá foi a área escolhida para iniciar o plano. “A área escolhida para iniciar o plano de retomada é uma área onde existe comando vermelho, milícia e TCP. Se juntar Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Itanhangá e Recreio, temos 1,2 milhões de pessoas”.
A megaoperação ocorrida esta semana no Complexo do Alemão foi a mais letal da história do Rio. Dos 121 mortos divulgados pelas autoridades, 4 eram policiais.