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CIDADES

‘Comunicação péssima’, ‘sem comida’: passageiros dormem na Rodovia Anchieta após passarela cair e relatam falta de suporte

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Caminhão atingiu passarela na Rodovia Anchieta Foto: PMSP

Centenas de pessoas passaram a noite na Rodovia Anchieta nesta sexta-feira, 14, após uma passarela ser atingida por um caminhão e cair no meio pista, na altura do quilômetro 52, em Cubatão. O acidente, na noite desta quinta-feira, 13, não deixou feridos, mas muita gente só conseguiu chegar em casa 14 horas depois de entrar no ônibus.

Passageiro de um dos ônibus que ficou preso na Rodovia Anchieta, Kevin Willian, de 30 anos, trabalha com design e audiovisual. Ele conta que chegou a São Paulo ainda na manhã de quinta-feira e que finalizou o trabalho que realizaria em um shopping da cidade por volta das 17h. “Peguei o ônibus das 18:10 e esperava estar em casa no máximo às 20h, pensando em trânsito. Normalmente acontece de pegar um trânsito descendo a (Rodovia) Anchieta”.

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“Foi frustrante quando o ônibus parou. Ficamos um período sem informação nenhuma, sem suporte e sem nenhuma notícia do que tinha acontecido. Entramos em contato com a Ecovias e eles não tinham previsão e nenhum plano pra resolver a situação das pessoas ilhadas na estrada”, disse ao Terra.

Ele conta que foram oferecidas garrafas de água, mas que “passamos a noite inteira lá e só passaram uma vez distribuindo água. Percebi a dimensão do acidente vendo o número de reclamações nas redes sociais e é desesperador saber que não existe um plano de rota alternativa, para casos como esse”. Ele também diz ter visto pessoas tentando voltar até um ponto onde dava pra pegar carros de aplicativo e seguir pela Rodovia dos Imigrantes ou ainda tentando pegar carona.

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Kevin afirma não ter como diminuir a frequência com que vai à capital. “Sempre preciso pegar a estrada para trabalhar, pelo menos uma vez por semana saio da Baixada.

É preocupante o quão despreparado é o atendimento da Ecovias, informações super vagas, falta de comunicação. Eles não foram nada ágeis pra criar soluções e não foram nada amigáveis com o suporte”, finaliza.

A fonoaudióloga Cida Coelho mora no bairro do Embaré, em Santos, e também dormiu na rodovia. “Passei a quinta-feira em São Paulo (…) Tinha um treinamento para fazer perto da estação Paraíso e fui de ônibus. Geralmente vou dirigindo, de carro, mas como era muito perto do metrô, resolvi ir de ônibus. É tão simples”.

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“Saí 18h30. 19h cheguei ao (Terminal Rodoviário do) Jabaquara. 19h10, sai o meu ônibus. A expectativa de chegar em Santos era de no máximo 21h30. Eu fiquei sabendo do acidente porque meu filho do meio também estava voltando e ele estava bem mais próximo do acidente, a mais ou menos um quilômetro”, relata a fonoaudióloga.

Ela lembra que ainda conseguiu conversar um pouco com o filho por telefone, mas depois a comunicação acabou. “Além de não ter água, além de não ter comida, a internet estava péssima. E não tinha wi-fi no ônibus e meu 5g não estava bom. Fiquei sabendo, depois, que ele e algumas pessoas que estavam ali conseguiram descer dos ônibus, andaram até a região das Cotas (bairro de Cubatão) para pegar um Uber Moto e a moto trouxe ele para casa”.

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Ela relata que tentou dormir no ônibus, mas que acordou várias vezes. “Na última vez que acordei, já de dia, fui falar com o motorista, e o vi falando com outras pessoas tentando entender o que tinha ocorrido. A comunicação estava péssima”.

“A gente pode até dizer que a ecovias foi ágil para liberar a rodovia, considerando o jeito que foi o acidente. O trabalho de desocupar e liberar a pista foi ágil, mas a Ecovias, sabendo que tem esses gargalos e que já aconteceu outras vezes e vai continuar acontecendo, tem que ter um plano de contingência para dar assistência para quem está preso”, pede Cida.

Ao Terra, a Ecovias Imigrantes se posicionou sobre as reclamações e reforçou o “compromisso com a segurança e o bem-estar dos usuários do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), especialmente em situações emergenciais como a registrada na última quinta-feira”.

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“Desde o início da ocorrência, todas as informações foram amplamente divulgadas nos painéis de mensagem ao longo das rodovias, além de atualizações contínuas nos canais oficiais da concessionária no X (antigo Twitter) e Threads. O atendimento telefônico via 0800 019 7878 também esteve disponível 24 horas para prestar esclarecimentos aos motoristas afetados”.

“Além disso, as equipes da concessionária distribuíram água a diversos usuários que permaneceram retidos durante a interdição. A Ecovias segue avaliando melhorias em seus protocolos de contingência e reforça a importância de que os usuários utilizem os canais oficiais de comunicação para obter informações em tempo real e relatar eventuais necessidades durante ocorrências excepcionais”, conclui a nota.

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