Crise de chips ameaça paralisar produção de montadoras no Brasil em semanas

São Paulo, SP – A indústria automobilística brasileira enfrenta um novo desafio: a possível paralisação da produção de algumas montadoras em um período de duas a três semanas, caso persista uma crise internacional na oferta de chips semicondutores. O alerta foi dado nesta terça-feira (28) pelo secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Uallace Moreira.

A preocupação surge em meio a uma disputa entre a Holanda e a China em relação ao controle da fabricante de microprocessadores Nexperia. A escassez de chips, similar àquela vivenciada durante a pandemia, pode impactar significativamente a produção de veículos no país.

“Se não houver uma solução nesse espaço de tempo curto, em duas ou três semanas, pode haver um processo de paralisação de algumas montadoras”, afirmou o secretário Moreira. Ele não especificou quais montadoras seriam as primeiras a serem afetadas.

O Mdic, liderado pelo presidente em exercício e ministro Geraldo Alckmin, já se reuniu com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, para discutir a situação. A Anfavea manifestou sua preocupação na semana passada, alertando para os riscos de uma nova escassez de chips.

Diante desse cenário, o governo brasileiro busca diálogo com a China para garantir que o Brasil não sofra as consequências desse conflito geopolítico. Alckmin já entrou em contato com o embaixador brasileiro na China e com o embaixador chinês no Brasil para iniciar negociações entre os países.

A Nexperia, que detém cerca de 40% do mercado de semicondutores, fabrica chips essenciais para a indústria automotiva e de eletrônicos de consumo. A mudança de fornecedor não é uma opção viável no curto prazo, devido à complexidade e aos processos de aprovação necessários.

Um veículo moderno utiliza, em média, de 1 mil a 3 mil chips. A falta desses componentes pode comprometer a produção e o abastecimento do mercado automotivo brasileiro.