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CIDADES

Crise do metanol esvazia bares e muda consumo de bebidas na Vila Madalena

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Vila Madalena registra queda de movimento por causa de crise do metanol Foto: Maria Luiza Valeriano/Terra

O número de notificações de intoxicação por metanol no estado de São Paulo subiu para 102, segundo balanço da Secretaria Estadual da Saúde divulgado nesta sexta-feira, 3. A capital concentra a maior parte: 48 estão em investigação e 8 foram confirmados. A crise envolvendo bebidas adulteradas impactou diretamente a vida noturna paulistana.

Na Vila Madalena, um dos principais pontos boêmios da cidade, o efeito foi imediato. A primeira sexta-feira após o início da onda de intoxicações, os bares ficaram vazios, e as poucas mesas ocupadas exibiam apenas cervejas. Drinks com destilados, como uísque ou vodka, praticamente desapareceram dos pedidos.

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Rodrigo Tomaz, gerente do Los Panchos há dois anos, resume o cenário ao Terra: “Eu acho que ainda é muito cedo, mas querendo ou não, o consumo mudou bastante. No bar do lado e aqui, não saiu nenhum drink a semana inteira. Nenhum tipo de drink destilado, qualquer coisa. Somente cerveja, Xequemate, essas coisas mais enlatadas e garrafadas que dá pra confiar hoje um pouquinho mais”.

Ele reconhece que, apesar de quedas de movimento serem comuns antes do quinto dia útil, desta vez o motivo é outro: “Como são muitas notícias, muita coisa, muito rápido e sem informação nenhuma de onde vem, como foi, o que aconteceu, fica também à mercê disso”.

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Os clientes, segundo Rodrigo, comentam sobre o assunto, mas ainda não pedem para ver garrafas lacradas. A desconfiança, no entanto, aparece nas entrelinhas. “Ontem eu estava com meu amigo e a mulher dele achou que eu não comprava tudo com nota fiscal. Eu compro em nota fiscal certinho. Se mesmo a mulher de um amigo meu não confia, imagina quem nem me conhece”.

A expectativa é que a queda no consumo se reflita diretamente nas compras da próxima semana:

“Provavelmente, não haja (compra de destilados), porque deve ficar estagnada essa bebida aqui. Provavelmente só vamos trabalhar com cerveja, drinks sem álcool e Xequemate, Beats, essas coisas”.

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Apesar de fornecedores enviarem comunicados para assegurar a qualidade, a incerteza segue. “É bem confiável, mas a gente não sabe como que foi o problema, se foi a produção, se foram lugares que não podem ser produzidos (bebidas) e estão produzindo de acordo com o serviço. Não se sabe, então não tem como confiar muito”.

Para Rodrigo, só haverá normalização quando a investigação esclarecer em que etapa ocorreu a adulteração.

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“Também, uma boa seria a Anvisa vim ver as garrafas. Porque aí você libera os bares. Mas até lá, acho que fica nesse medo de tudo. Não dá para você achar que não vai ser você. Você vai colocar sua vida em risco”.

A apreensão não se restringe ao Los Panchos. Outros dois responsáveis por bares da Rua Aspicuelta relataram queda drástica de clientes e vendas. Um deles, com 11 anos de experiência, assinou a passagem do ponto nesta sexta-feira. “Ainda bem que já assinei, porque isso iria acabar com a negociação”, afirmou. Segundo ele, o consumo de destilados caiu em 95%.

Entre os frequentadores, o receio é evidente. Virgínia Maira, que costuma ir à Vila Madalena há quatro anos, notou o impacto: “Está tudo vazio”.

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A amiga Jussara Oliveira, também presente na sexta, foi direta. “Estamos com bastante medo. Não vamos tomar nada quente. Vamos tomar uma cervejinha e pronto […] E abre na nossa frente, para gente ver abrindo”.

Para ela, a volta ao consumo de caipirinhas e drinks destilados ainda está distante. “Pelo andar da carruagem, vai demorar um pouquinho, porque são muitos casos. Eu estou com muito medo”.

O clima de cautela também afetou turistas. O gaúcho Willian Grohe desembarcou na capital justamente na semana da crise. Ele e os amigos preferiram evitar bares. “Lógico, quando a gente chegou, deu esse estouro de não tomar drink”, ironizou. “Mas como lá no Sul a gente é acostumado a tomar cerveja, não impactou muita coisa. Mas deu um medo. Também pela insegurança de ser uma cidade nova”.

Hospedados em um hostel, decidiram passar a semana longe da noite paulistana. A única exceção foi a noite antes da partida. Na mesa, só cerveja.

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