CIDADES
Desempenho de alunos regride e desigualdade entre brancos e negros cresce, diz relatório

O ensino público brasileiro não retomou patamares de aprendizagem pré-pandemia, e a desigualdade étnico-racial na aprendizagem aumentou em dez anos.
Os dados são do novo relatório do Todos Pela Educação e do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), divulgado nesta segunda-feira, 28, quando é comemorado o Dia Mundial da Educação.
Os levantamentos, realizados com base nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), consideram o desempenho de alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, matriculados na rede pública, para as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
Desempenho
Os dados indicam que o nível de aprendizagem de matemática voltou aos panoramas de mais de uma década atrás. Mesmo que o número tenha subido com relação a 2021 (5%), ainda está abaixo dos 6,9% registrados em 2019, na pré-pandemia, e se iguala aos resultados de 2011.
Já quando a análise é do desempenho em língua portuguesa por alunos do 3º ano, o resultado é melhor, mas ainda longe do ideal: cerca de 32,4% tiveram um nível de aprendizagem adequado. Embora haja sinais de recuperação em relação a 2021 (31,2%), o número ainda é menor que o observado em 2019 (33,5%).
“Os dados mostram um cenário ainda bastante crítico para a Educação Básica. Temos avanços que precisam ser reconhecidos, mas o contexto geral ainda é de muitos alunos com níveis baixíssimos de aprendizagem”, avalia Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação.
Desigualdade
Outro destaque da pesquisa é a desigualdade. Entre 2013 e 2023, aumentou a desigualdade na aprendizagem entre estudantes brancos, negros e indígenas no Brasil. As diferenças mais acentuadas estão no 9º ano do Ensino Fundamental.
Em 2023, 45,6% dos alunos brancos e amarelos alcançaram o nível adequado em Língua Portuguesa, enquanto entre estudantes pretos, pardos e indígenas o resultado foi de 31,5% — uma diferença de 14,1 pontos percentuais.
Já no 5º ano do Ensino Fundamental, o padrão se repete. Em Matemática, a defasagem entre os dois grupos subiu de 8,6% para 9,5%. Em Língua Portuguesa, a diferença cresceu 0,3 ponto percentual.
No Ensino Médio, a desigualdade racial na aprendizagem também aumentou em Língua Portuguesa: a distância entre os grupos aumentou 2,9 pontos percentuais em dez anos. Em Matemática, embora os resultados gerais sigam baixos, houve leve redução na defasagem.
“É inadmissível que o país não tenha conseguido, em uma década, reduzir as enormes diferenças de aprendizagem entre estudantes de diferentes grupos raciais e socioeconômicos”, conclui Gabriel Corrêa.
