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Destruição em Massa: Greenpeace flagra centenas de dragas no Rio Madeira

O rio Madeira, veia vital da Amazônia, encontra-se sob ataque. Um sobrevoo recente do Greenpeace Brasil revelou um cenário aterrador: mais de 500 dragas, utilizadas na mineração ilegal de ouro, operam impunemente ao longo de seus 842 quilômetros, entre Rondônia e Amazonas. A imagem, captada entre Porto Velho e Novo Aripuanã, mostra um extenso e devastador processo de extração ilegal, com impactos ambientais e sociais incalculáveis.
As imagens aéreas são chocantes. Centenas de embarcações, algumas em formação quase militar, obstruem o curso do rio, criando um paredão metálico que ameaça a navegação e a vida das comunidades ribeirinhas que dependem do Madeira para o transporte e a subsistência. A proximidade com terras indígenas e unidades de conservação, como a Reserva e a Estação Ecológica do Cuniã, agrava a situação, demonstrando o total desrespeito à legislação ambiental e aos direitos dos povos originários. Um exemplo particularmente alarmante é a observação de um grupo de 48 dragas operando em conjunto, um espetáculo de destruição em larga escala.
O impacto ambiental é devastador. O assoreamento do rio, causado pela intensa movimentação de terra e sedimentos, altera o curso natural das águas, afetando a biodiversidade e a qualidade da água. A contaminação por mercúrio, substância tóxica frequentemente utilizada no processo de extração do ouro, representa uma ameaça séria à saúde humana e ao ecossistema. A degradação da rica biodiversidade da região, lar de inúmeras espécies animais e vegetais, é irreversível sem intervenção imediata.
Mas a tragédia não se limita à natureza. O garimpo ilegal impulsiona a violência, a exploração do trabalho e a degradação social nas comunidades locais. Os modos de vida tradicionais, construídos ao longo de gerações em harmonia com o rio, são ameaçados pela ganância e pela falta de fiscalização. A saúde das populações ribeirinhas também está em risco, devido à exposição a substâncias tóxicas e às precárias condições de saneamento.
O Greenpeace Brasil, após meses de monitoramento por satélite e o sobrevoo de julho, apresentará uma denúncia formal às autoridades federais e estaduais. A contundência das evidências exige uma ação rápida e eficaz. A inércia diante dessa situação equivale a conivência com a destruição de um patrimônio natural inestimável e com a violação dos direitos de comunidades tradicionais. A preservação do Rio Madeira e da Amazônia exige um esforço conjunto, que mobilize governos, órgãos ambientais e a sociedade civil na luta contra o garimpo ilegal. A hora de agir é agora, antes que seja tarde demais.









