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CIDADES

“Era companheira do pai”, diz incrédulo o amigo da família de adolescente morta por febre

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Erissa acompanhada dos pais em um evento Foto: Arquivo Pessoal

Não é preciso rolar muito entre as publicações que Erissa Santana deixou em seu perfil em uma rede social para encontrar uma declaração dela ao pai, Ednaldo Santana. A adolescente morreu na última terça-feira, 13, aos 16 anos, vítima de febre maculosa. E, assim como na internet, sua relação com a família ficará guardada nas lembranças de quem a conheceu.

“Ela era companheira do pai”, lembra Jefferson Vieira, colega de trabalho e amigo de Ednaldo.

Vieira acompanhou a evolução da doença, que só recebeu o diagnóstico de febre maculosa nesta quinta-feira, 15, dois dias após o óbito. Ao Terra, ele detalhou a cronologia com que os sintomas evoluíram, e lamentou que as ações da Prefeitura de Campinas para alertar as equipes médicas sobre a febre maculosa vieram tarde demais, já que a menina chegou a buscar atendimento por duas vezes antes de ser internada em estado grave.

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Veja como se deu a evolução dos sintomas:

  • No dia 4 de maio, um domingo, Erissa começou a se sentir mal. Os sintomas eram similares aos de gripe ou dengue: estava febril e com dores no corpo;
  • Já na segunda-feira, 5, os pais da menina a levaram ao médico. Erissa fez teste rápido para dengue, mas deu negativo. Ela, então, foi medicada e mandada para casa;
  • Na quarta-feira, 7, após dois dias em casa se sentindo mal, Erissa foi levada novamente ao hospital. Lá, fez teste para dengue e Covid-19, que deram negativo. Mais uma vez, ela foi medicada e mandada para casa;
  • Na quinta-feira, 8, por volta das 22h, Erissa foi se deitar para dormir e começou a sentir falta de ar. Os pais voltaram com ela para a emergência, com a saturação de oxigênico oscilando em valores muito baixos;
  • Na madrugada de sexta-feira, 9, Erissa foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e morreu quatro dias depois. A função renal foi paralisando, e Erissa chegou a ter uma parada cardíaca, segundo detalhou Vieira.

Os pais de Erissa aguardavam na recepção do hospital para visitá-la na UTI às 19h30, mas às 19h05 foi declarado o óbito. Para o amigo da família, a sensação que fica não é a de negligência por parte da equipe médica, mas falta de conhecimento.

“Inclusive, ontem a Prefeitura de Campinas veio soltar uma nota dizendo que existem 12 locais que estão com surto de febre maculosa. Se a gente tivesse essa nota da Prefeitura dias antes, a visão dos médicos seria outra”, afirma. “Com o diagnóstico precoce dá para salvar”.

A adolescente Erissa Santana morreu por febre maculosa
A adolescente Erissa Santana morreu por febre maculosa

Foto: Reprodução/Instagram

A Prefeitura de Campinas anunciou, por meio de coletiva de imprensa na quarta-feira, 14, um conjunto de medidas para prevenir e instruir as equipes médicas sobre como agir contra a febre maculosa. Foi destacado que, pela similaridade entre os sintomas, é importante que o paciente informe ao médico se ele esteve em alguma área que possa ser considerada de risco para a doença.

Em nota, o município confirma que as medidas são “uma resposta ao surto da doença na Fazenda Santa Margarida“, mas também amplia ações para todo o município. Segundo a Prefeitura, a região de Campinas é endêmica para a febre maculosa.

Como Erissa foi infectada?

Jefferson Vieira esteve na Fazenda Santa Margarida no dia 27 de maio, quando ocorreu a Feijoada do Rosa, evento em que estavam quatro pessoas que morreram com diagnóstico relacionado à febre maculosa até o momento. Segundo conta ao Terra, Erissa chegou ao local acompanhada do pai, que foi levar uma bolsa de medicamentos para a equipe da ambulância.

Era comum que isso acontecesse. Apesar de Ednaldo não trabalhar diretamente nos espaços dos eventos, ele servia como um suporte a Vieira na empresa de locação de ambulâncias. “Às vezes, eu ligo para ele, ocorreu exatamente isso naquele dia”, conta o amigo.

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A surpresa de Vieira é que, além de eles terem ficado pouco tempo no local, Erissa esteve sempre ao lado do pai, em locais que não seriam apontados como propensos a ter o carrapato-estrela, vetor de transmissão da febre maculosa.

“O veículo dele não ficou no estacionamento, ficou exatamente onde ficou o meu, numa área mais reservada para funcionário. Aonde ele parou o veiculo dele até o ambulatório foi uns 30, 40 metros. Nenhum momento ela arredou o pé do lado dele. E logo em seguida ele foi embora. Os passos que ela deu, ele também deu”, relembra, incrédulo com o fato de o pai também não ter sido infectado pela doença.

Segundo Vieira, que já trabalha há 14 anos em eventos feitos na fazenda, nunca houve relatos de casos de febre maculosa na região. Na verdade, nem mesmo em Campinas.

“Nunca vimos nada do tipo. A gente fala que o animal, que a primeira coisa que a gente foca é a tal da capivara, nós sempre vamos durante os eventos e até durante o dia, e a gente nunca viu nenhum animal”, afirma.

Segundo a Prefeitura, a fazenda não será responsabilizada pelo surto, mas os eventos no local estão suspensos por pelo menos 30 dias. A Fazenda Santa Margarida também deverá entregar um plano de comunicação e implementar medidas de prevenção à febre maculosa.

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