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Escutas foram encontradas em secretarias e veículos do governo do Tocantins, diz governador em exercício

O governador em exercício do Tocantins, Laurez Moreira (PSD), afirmou em entrevista à TV Anhanguera que escutas foram encontradas em secretarias estaduais e dentro de veículos do governo. Ele atribui a instalação dos aparelhos à gestão anterior. Laurez assumiu o cargo após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastar Wanderlei Barbosa (Republicanos) sob a suspeita de participação em uma organização criminosa que desviou verbas da compra de cestas básicas durante a pandemia.
“Eu não tenho dúvida disso. São pessoas que têm alguma culpa no cartório e é evidente que estão querendo saber o que estão apurando. Escuta dentro de veículos, dentro de secretarias, essas coisas todas. Tem que olhar, verificar, que são coisas difíceis de descobrir quem fez, mas a gente está tentando descobrir”, afirmou Laurez.
Em resposta à emissora, a equipe de Wanderlei Barbosa declarou não ter comentários sobre as supostas escutas ilegais, uma vez que nenhuma prova de sua existência foi apresentada. O governador afastado também ressaltou que nenhum integrante de sua gestão foi formalmente acusado pela instalação dos aparelhos.
O governador em exercício também detalhou que implementou uma série de cortes de gastos estaduais desde que assumiu o cargo, com a suspensão do contrato de táxi aéreo como sua primeira medida. De acordo com um levantamento da Secretaria de Planejamento, o estado enfrenta um déficit projetado de R$ 380 milhões.
Gastos milionários em shows
Laurez afirma que a administração anterior excedeu os valores orçados, com gastos que incluíram R$ 200 milhões apenas em shows. “Uma coisa que me assustou muito, o custeio da máquina pública. Uma boa gestão deve levar em conta não gastar mais do que 20% do custeio. E o que eu percebi, é que o custeio aqui era totalmente sem controle. O Estado estava gastando em torno de 30% a 32%, o que é um absurdo”, disse.
Entre as primeiras economias identificadas está o táxi aéreo, que custava R$ 20 milhões anuais. A gestão também reduziu a frota de veículos das secretarias e cortou despesas com aluguéis.
Sobre os altos investimentos em eventos, Laurez comentou: “Eu acho que chega próximo aí de R$ 200 milhões, então é um absurdo. Não vamos permitir isso. A gente tem que botar um padrão, nós vamos diminuir, não vamos cortar 100%. A gente percebe que as pessoas gostam e a gente também não pode ir contra a vontade das pessoas. Agora, sem exagero, com respeito ao dinheiro público, nada justifica você chegar na cidadezinha bem pequena, ter cinco shows de nível nacional no mesmo dia, às vezes até sem público”.
Em resposta às críticas, Wanderlei Barbosa afirmou, por meio de nota à TV, que os valores divulgados pela gestão interina estão superestimados. Segundo ele, os recursos eram provenientes de emendas parlamentares impositivas, aplicadas durante a temporada de praia e feiras agropecuárias, eventos que teriam gerado receitas superiores a R$ 1 bilhão em 2025.
Contexto do afastamento
Wanderlei Barbosa foi afastado do governo em 3 de setembro de 2025, por decisão do ministro Mauro Campbell, do STJ, posteriormente referendada pela Corte Especial. O ex-governador é investigado por supostos desvios de recursos públicos durante a emergência sanitária da pandemia de Covid-19.
A Polícia Federal apura crimes como frustração de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
No mesmo dia do afastamento, Laurez Moreira exonerou todos os secretários estaduais, iniciando um processo de recomposição que se estendeu por todo o mês de setembro, que, no entanto, depois incluiu a recondução de alguns nomes aos cargos. Laurez tem experiência como vereador, prefeito, deputado estadual, federal e vice-governador.
