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Ex-auditor condenado pagou R$ 45 mil por atestado de óbito falso

O ex-auditor fiscal da prefeitura de São Paulo Arnaldo Augusto Pereira afirmou ter pagado R$ 45 mil em dinheiro em espécie para comprar um atestado de óbito falso, segundo informações divulgadas no Fantástico, da Globo. A medida foi tomada com o objetivo de escapar da prisão na investigação que ficou conhecida como Máfia dos Fiscais do ISS.
“Eu tive contato com uma pessoa que vende documentos. R$ 45 mil em dinheiro. Só aceitavam em dinheiro. Eu mandei um e-mail. Criei um e-mail da minha esposa”, disse ao programa antes de ser preso.
Subsecretário de arrecadação da capital paulista entre 2007 e 2009 e secretário de Planejamento em Santo André em 2012, Arnaldo vivia em Mucuri, na Bahia, desde 2021. O caso de corrupção veio à tona anos antes, em 2013.
Em meio às investigações, o ex-auditor foi condenado a um total de 43 anos de prisão: 23 no processo da Máfia do ISS, 13 por um caso de propina em Santo André e sete anos por lavagem de dinheiro, também em Santo André.
Com medo da condenação definitiva, Arnaldo viajou cerca de 900 quilômetros de Mucuri a Salvador para comprar a certidão de óbito falsa. Na sequência, um relatório médico e um vídeo de um homem deitado em um sofá fingindo estar morto foram enviados por celular a um médico de Salvador, que assinou o documento à distância.
Tudo isso feito, o documento foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que extinguiu a punição ao ex-auditor no caso da propina em Santo André. O atestado mostra 10 de julho de 2025 como data da morte.
Apesar da semelhança com o documento verdadeiro, promotores de São Paulo desconfiaram da morte repentina. A suposta morte ter acontecido em uma casa incompatível com o padrão de vida levado pelo ex-auditor e o enterro na cidade de Cachoeira, na Bahia, onde ele não tinha qualquer vínculo, aumentaram as suspeitas.
No cemitério, funcionários afirmaram que não havia ninguém com aquele nome enterrado no local. Os agentes, então, foram à procura de Arnaldo, que foi encontrado tentando fugir após quatro dias.
“Foi uma atitude de desespero. Eu sei o que eu fiz de errado. Já assumi que estou vivo”, falou o ex-auditor. Além de escapar da prisão, a Justiça acredita que o falso atestado tinha o objetivo de recuperar bens bloqueados nas investigações.
“Recebi R$ 1,1 milhão em 10 parcelas. Eu me sinto constrangido, mas seria muito mais constrangedor negar. Tá bloqueado grande parte”, explica.
O que dizem os envolvidos?
Sérgio Ricardo da Costa, o médico que assinou o atestado, trabalha no Instituto Médico Legal de Salvador. A defesa do profissional afirmou que ele não conhece Arnaldo, recebeu o vídeo por celular e assinou à distância – o que é proibido – por causa de comorbidades e idade.
A oficial do cartório que assinou o documento, por sua vez, disse que “não é da alçada questionar a documentação de óbito que chega do hospital”.
O STJ afirmou ao programa que vai analisar o caso na próxima terça-feira, para tornar sem efeito a extinção da punibilidade.
Os antigos advogados do ex-auditor deixaram o caso por se sentirem enganados. Ele já tem uma nova defesa. A partir de agora, ele também responde por falsificação de documento.
