CIDADES
Faculdade de medicina na Bolívia é denunciada por más condições e coação
Uma estudante do Acre, matriculada no curso de medicina da Universidade Domingo Savio, em Cobija, cidade boliviana na fronteira com Brasileia e Epitaciolândia, denunciou péssimas condições de higiene no local, além de uma suposta coação que obriga os estudantes a comprarem uniformes e roupas cirúrgicas exclusivamente na loja da própria instituição.
Devido aos preços mais acessíveis, as universidades bolivianas têm sido bastante procuradas por estudantes brasileiros. Segundo a estudante, que prefere não ser identificada por medo de represálias, a maioria das turmas do curso de medicina é composta por brasileiros.
A jovem enviou um vídeo em que é possível ver insetos circulando pelo bebedouro utilizado pelos centenas de alunos da universidade. Ela relata a falta de itens básicos de higiene, como papel nos banheiros, e até mesmo a falta de água potável. “Isso acontece sempre e não temos o básico de higiene, papel nos banheiros e falta até água para beber. A universidade não proporciona limpeza, que é o mínimo que esperamos”, afirma.
A acadêmica de medicina também denuncia que a instituição exige que os estudantes comprem as roupas do curso, como uniformes, jalecos e roupas cirúrgicas, exclusivamente na própria instituição, o que acaba sendo mais caro para os alunos. “Temos jalecos, pijamas e roupas cirúrgicas que em outras faculdades podem ser comprados livremente. Mas, no nosso caso, a instituição nos obriga a comprar com eles e, muitas vezes, o preço é mais alto do que se adquiríssemos em outro lugar. Muitos estudantes enfrentam dificuldades para se manter, já que vêm de famílias humildes, em que os pais fazem um grande esforço para pagar as mensalidades e o material de estudo”, explica.
Após ser contatada, a Universidade Domingo Savio se manifestou sobre as acusações. Em relação à higiene, a instituição negou as alegações e afirmou ser vítima de uma tentativa de difamação. “O que você vê nas imagens é uma terceira pessoa que estava levando recipientes de comida e aparentemente com minhocas, nossa equipe de limpeza tratou de fazer a limpeza adequada. Aparentemente, estão tentando manchar nossa credibilidade através de um jogo sujo. Tentam desacreditar-nos, mas graças a Deus temos o testemunho de mais de 1000 alunos que estão muito satisfeitos conosco”, relatou a instituição por meio de um comunicado.
Em relação ao uniforme e às roupas cirúrgicas, a universidade não negou que os alunos sejam obrigados a comprá-los na própria instituição, mas afirmou que o preço é acessível. “A questão dos uniformes de laboratório é comum para as aulas práticas, uma vez que a graduação possui laboratórios diferentes. Se considerarmos a moeda brasileira, os uniformes não chegam a custar 400 reais e são adquiridos apenas uma vez durante todo o curso”, justificou a instituição.
Essa denúncia levanta preocupações sobre as condições nas instituições de ensino e a acessibilidade econômica para os alunos. É importante investigar e garantir que todas as instituições ofereçam um ambiente seguro e condições adequadas para os estudantes em seu percurso educacional.