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Fogo Devastador: Amazônia enfrenta aumento alarmante de queimadas e suspeitas de ações criminosas
Agosto de 2024 se tornou um mês alarmante para a Amazônia, com impressionantes 2,5 milhões de hectares consumidos pelo fogo em menos de 30 dias. Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) revelam que esse número supera em muito a média histórica de 1,4 milhões de hectares afetados por incêndios nesse período.
Desde o início do ano, mais de 4,1 milhões de hectares da floresta amazônica já foram devastados pelas chamas. O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectou uma alarmante concentração de gases poluentes que se estende da Amazônia até o Sul do Brasil, afetando dez estados. Além disso, os níveis dos rios na região indicam a iminência de uma seca extrema, que pode se agravar ainda mais com a chegada do período crítico da estiagem em setembro.
Em uma reunião extraordinária realizada pelo governo federal no último domingo (25), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que os incêndios na Amazônia e no Pantanal são intensificados por condições climáticas extremas. No entanto, ela também levantou a suspeita de que há ações criminosas por trás desse aumento atípico nas queimadas. “Assim como ocorreu no ‘dia do fogo’, há indícios de que isso possa estar se repetindo. No Pantanal, estamos observando a abertura de até dez frentes de incêndio por semana. Na Amazônia, fenômenos semelhantes têm sido identificados. Em São Paulo, um número tão elevado de focos em vários municípios em poucos dias é inaceitável”, afirmou.
Esse cenário remete ao agosto de 2019, quando o Inpe registrou 1.457 focos de calor no estado do Pará em apenas dois dias. Naquela época, o Ministério Público Federal denunciou uma convocação orquestrada entre fazendeiros para atear fogo na floresta como parte de um movimento contra as políticas ambientais.
De acordo com Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, além dos 29 inquéritos já instaurados para investigar os incêndios na Amazônia e no Pantanal, dois novos inquéritos foram abertos em São Paulo para apurar possíveis incêndios criminosos que afetam áreas da União.
A situação atual exige uma resposta rápida e eficaz das autoridades competentes para proteger a Amazônia e garantir que sua rica biodiversidade não seja irreversivelmente comprometida.