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Justiça manda frigorífico tirar cartaz contra petistas e loja muda anúncio: ‘Ladrão aqui não é bem-vindo’

Um dia depois de a Justiça determinar que um frigorífico de Goiás retire um anúncio contra petistas, o estabelecimento pregou outro cartaz na porta. O que antes era “petista aqui não é bem-vindo” virou “ladrão aqui não é bem-vindo. Quem apoia ladrão também não”. A defesa afirma que o novo cartaz não tem qualquer vinculação política ou discriminatória.
O estabelecimento em questão é o Frigorífico Goiás, já conhecido por apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. A loja divulga produtos embalados com a foto do ex-mandatário brasileiro e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O estabelecimento foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás pelo cartaz contra petistas, além de publicações nas redes reforçando a mensagem. De acordo com o MP, a Justiça acolheu o pedido e determinou na última segunda-feira, 29, que, em até 48 horas, fosse retirado qualquer anúncio, publicação ou mensagem com teor discriminatório contra consumidores por convicção político-partidária.
A ação aponta ainda que, no dia 7 de setembro, o dono do estabelecimento, Leandro Batista Nóbrega, escreveu em seu Instagram: “Não atendemos petista”. A promotoria entendeu o caso como prática abusiva e discriminatória, “em violação ao Código de Defesa do Consumidor, à Constituição Federal e a valores democráticos”.
“A manutenção dos cartazes e das publicações discriminatórias, aparentemente, viola os direitos fundamentais de parcela indeterminável da população”, destacou o juiz Cristian Battaglia de Medeiros, da 23ª Vara Cível de Goiânia.
Ao determinar a retirada do anúncio na loja física e nas redes sociais, o magistrado fixou, em caso de descumprimento, multa diária de R$ 1 mil, limitada a R$ 100 mil, além da possibilidade de responsabilização criminal por desobediência.
Um dia depois da determinação, um novo cartaz foi colado na porta do local, com os dizeres: “Ladrão aqui não é bem-vindo. Quem apoia ladrão também não”. Em um vídeo compartilhado com o perfil de Leandro, o novo anúncio é exibido para os seguidores, que ficaram divididos. Enquanto alguns concordavam, outros criticavam a postura do estabelecimento.
“Petista não tem dinheiro para comprar picanha”, afirmou um usuário do Instagram. “Tirar o Bolsonaro foi fácil. Difícil vai ser fechar o hospício que ele abriu”, declarou outro.
Em nota ao Terra, a defesa do Frigorífico Goiás, representada por Carlos Olivo, informou que tomou conhecimento da decisão e cumpriu integralmente a determinação judicial, mas que o novo cartaz colocado na loja informa que não tem qualquer veiculação política e, tampouco, discriminatória.
“O processo noticia suposta ofensa discriminatória sobre consumidores por sua filiação partidária. Nada mais. Reitera que no momento oportuno pretende demonstrar ao Juízo e a sociedade que não pratica qualquer ato de discriminação e, principalmente, que o Frigorifico Goias vem sendo perseguido por seus opositores políticos, que pessoalmente responderão por seus atos a tempo e modo”, finalizou.
Outras polêmicas
Durante as eleições de 2022, o local fez uma promoção da ‘picanha do mito’ a R$ 22 para quem fosse até a loja com a camiseta da Seleção Brasileira, em alusão à candidatura de Bolsonaro. A promoção causou longas filas e confusão entre os clientes que aguardavam no local. Uma mulher morreu após passar mal durante o tumulto.
No mesmo dia, o juiz Wilton Salomão, do Tribunal Regional de Goiás, suspendeu a promoção. Segundo a decisão, “a venda de carne nobre em preço manifestamente inferior ao praticado no mercado, no valor de R$ 22, revela indícios suficientes para caracterizar, em sede de um juízo não exauriente, conduta possivelmente abusiva do poder econômico em detrimento da legitimidade e isonomia do processo eleitoral”. A decisão ainda determinou multa de R$ 10 mil por hora em que a promoção ficasse publicada no ar.
No dia 5 de outubro de 2022, três dias depois do primeiro turno das eleições, o Frigorífico Goiás foi autuado durante uma fiscalização realizada pelo Procon de Goiás, após agentes apreenderem mais de 50 quilos de carne imprópria para o consumo, além de temperos e sucos que estavam vencidos.
