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CIDADES

Mina da Braskem se rompe sob lagoa em Maceió, diz Defesa Civil

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A Defesa Civil de Maceió informou que às 13h15 deste domingo, 10, a mina 18 da Braskem sofreu um rompimento, que pôde ser percebido em um trecho da Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.

Segundo o órgão, no momento, técnicos estão monitorando o local em busca de mais informações. “A Defesa Civil ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas”, diz a nota.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), sobrevoou neste domingo a área da mina que rompeu no início da tarde. “Estamos sobrevoando a área, fazendo essa verificação in loco. O colapso foi onde estavam as rachaduras, agora há uma tendência de estabilização. O gabinete de crise permanece trabalhando 24 horas, de domingo a domingo, não paramos. Agradeço à população que tem confiado em nós esse trabalho em poder coordenar todas essas ações. Vamos continuar lutando e cobrando a responsabilidade da Braskem , que é a grande responsável por esses danos”, disse ele.

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JHC ainda afirmou que antecipou a reunião com o Governo do Estado de Alagoas após o ocorrido. De acordo com ele, o governador Paulo Dantas não pode ir, mas se comprometeu a enviar secretários de governo para que eles tratem de ações conjuntas. A reunião está prevista para essa noite.

A mina que se rompeu tem 85 metros de largura e está a 1,1 mil metros de profundidade, segundo estudo do Serviço Geológico do Brasil. A catástrofe pode ser ainda maior, visto que outras duas minas, a de número 7 e a 19, estão bem próximas da 18.

Na manhã deste domingo, a Defesa Civil havia informado que o deslocamento vertical acumulado da mina era de 2,35m, com velocidade vertical de 0,52cm por hora, apresentando um movimento de 12,5cm nas últimas 24h.

Com o aumento significativo na movimentação do solo da mina nos últimos dias, as autoridades já tinham alertado que o rompimento poderia acontecer a qualquer momento. A situação fez com que a Justiça Federal ordenasse a expansão das áreas consideradas de risco. A decisão levou à evacuação de moradores de bairros próximos ao local afetado, que tiveram que deixar suas casas às pressas.

Alerta sobre colapso

Segundo o Ministério Público Federal (MPF) informou ao Terra, um alerta emitido pela Defesa Civil Municipal, no dia 29 de novembro, sobre a possibilidade de afundamento abrupto do solo, desencadeou uma série de medidas adotadas pelo MPF, com o apoio do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) e da Defensoria Pública da União (DPU).

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Primeiramente, recomendou-se que fossem intensificadas, pela Defesa Civil Municipal, todas as medidas de proteção das pessoas e de comunicação à sociedade, inclusive com a publicação de alertas por SMS.

Em seguida, as instituições expediram recomendação à Braskem, à Agência Nacional de Mineração (ANM) e ao Sistema de Defesa Civil, para que fossem intensificadas as medidas de monitoramento da região afetada pelo afundamento do solo, bem como quanto ao atendimento psicossocial da população impactada pelo alerta de risco iminente, tudo custeado pela empresa petroquímica.

Já na manhã do dia 30 de novembro, o MPF, a DPU e o MPAL foram informados da decisão da Justiça Federal, que concedeu a liminar pedida na ação civil pública ajuizada em 24 de novembro, e determinou que a prefeitura publicasse a nova versão do mapa de risco, com a inclusão de novos imóveis, especialmente no bairro Bom Parto.

Essa decisão atendeu integralmente os pedidos das instituições e determinou que a Braskem possibilite a inclusão dos imóveis em ‘área de risco 00’ no Programa de Compensação Financeira (PCF), visando à realocação imediata destes moradores. Além disso, moradores das novas áreas de ‘criticidade 01’ devem ter a possibilidade de escolher entre o PCF ou um programa que repare o dano moral e material pela desvalorização do imóvel, mas sem realocação.

Para municiar esses moradores de informações suficientes para auxiliá-los na tomada de decisão, foi determinado que a Braskem também deverá pagar pela contração de uma empresa independente de consultoria para os atingidos.

Como problema começou?

Os problemas em Maceió começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. A petroquímica realizava a extração de sal-gema na capital alagoana em 35 minas.

Em novembro de 2019, a empresa decidiu propor a remoção preventiva dos moradores e a criação da Área de Resguardo. Esse local fica na área dos 35 poços de sal que eram operados nos bairros e já estavam desde maio do mesmo ano paralisados. Foi quando, em novembro de 2019, a Braskem também anunciou o encerramento definitivo da extração do minério na região. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.

As 35 minas da companhia começaram a ser fechadas ainda em 2019, depois que a empresa foi responsabilizada pelo surgimento de rachaduras em casas e ruas de alguns bairros de Maceió no ano anterior. O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo causado pela extração de sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela Braskem. A fabricação na região teve início em 1976.

Com o registro de novos tremores, as atividades na Área de Resguardo foram paralisadas. A recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil. A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas. O órgão reitera a recomendação de evitar a área desocupada do antigo campo do time de futebol CSA, por questões de segurança.

Essas minas são como cavernas que ficam sob uma lagoa. O topo dessas cavernas pode colapsar a qualquer momento. Os possíveis impactos ambientais são imprevisíveis.

Por que ocorrem os tremores de terra?

Esses tremores de terra estão relacionados à atividade de extração de sal-gema. Em entrevista ao programa Profissão Repórter, da TV Globo, Abel Galindo Marques, especialista no tema, esclareceu a razão por trás dos tremores de terra.

Ele explicou que, ao longo do tempo, as minas de extração de sal-gema excederam o diâmetro considerado seguro para a operação. O desabamento dos tetos de alguns desses poços ocorreu, e o sal-gema amoleceu, resultando no afundamento do solo acima.

“Essa sal-gema, no estado natural dela, é uma rocha. Mas, na hora que ela sai do estado dela, aí o bicho pega”, disse o geotécnico.

O que é o sal-gema? 

A sal-gema é uma formação rochosa localizada a cerca de 950 metros de profundidade. Ela é fundamental como matéria-prima para a fabricação de cloro, soda cáustica e PVC, além de ser empregada em produtos farmacêuticos e de higiene, bem como nas indústrias de papel, celulose e vidro.

 

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