CIDADES
Minerais são incluídos formalmente nas negociações da COP pela 1ª vez

Pela primeira vez, os minerais entraram formalmente nas negociações climáticas de uma Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP). O feito inédito ocorreu durante a COP30 nesta sexta-feira, 14, após a divulgação de um texto pelo Programa de Trabalho para uma Transição Justa (JTWP, na sigla em inglês). O documento é apenas um rascunho para que os países consigam chegar a um consenso sobre o papel dos minerais na transição climática.
Os minerais são considerados essenciais para a transição energética porque são a base das tecnologias limpas, que ajudam a reduzir emissões de poluentes e a substituir os combustíveis fósseis, já que materiais como lítio, cobalto, cobre e terras raras, por exemplo, são indispensáveis para a produção de baterias de veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas. Por isso, definir estratégias que incluam os minerais na transição para energia limpa pode evitar novos impactos ambientais, reduzir conflitos com comunidades locais e impedir a destruição de ecossistemas.
No texto em questão, os países que integram o grupo de negociações do JTWP consideraram que uma formalização do uso de minerais é necessária para proteger os direitos humanos e o meio ambiente, bem como atender às necessidades de desenvolvimento de energia.
A inclusão do tema na agenda foi recebida com otimismo pelos observadores que participam da COP30.
De acordo com Melissa Marengo, diretora sênior de políticas do Natural Resource Governance Institute (NRGI), o texto divulgado nesta sexta-feira é “promissor”, mas é preciso que as delegações se mantenham firmes sobre a formalização desses recursos.
“Pela primeira vez, os minerais estão no palco principal das negociações da COP, e não mais como um tema secundário. O texto preliminar é promissor, refletindo muitas das prioridades expressas por países produtores, comunidades e povos indígenas. Mas o verdadeiro teste começa agora: os países precisam manter a posição para garantir salvaguardar sociais e ambientais. O objetivo é claro: proteger esse progresso e entregar um resultado na COP30 que seja equilibrado e voltado para o futuro”, afirmou.
Para Anabella Rosemberg, assessora sênior para Transição Justa na Climate Action Network (CAN), incluir o debate dos minerais no JTWP é um “avanço real”.
“Apesar disso, a transição precisa funcionar para as pessoas que vivem ao lado das minas, os trabalhadores que assumem os riscos, os povos indígenas que defendem seus territórios e as comunidades do Sul Global que merecem dignidade e justiça econômica, não apenas promessas no papel”, acrescentou.
*Essa reportagem foi produzida como parte da Climate Change Media Partnership 2025, uma bolsa de jornalismo organizada pela Earth Journalism Network, da Internews, e pelo Stanley Center for Peace and Security.









