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Mortes em megaoperação no Rio chegam a 132 após corpos serem achados em mata, diz Defensoria

O número de mortes na mega-operação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, chegou a 132, segundo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro ao Terra. Representantes do órgão estão na região onde a ação policial aconteceu.
Corpos foram retirados por moradores de áreas de mata na divisa das regiões onde ocorreu a megaoperação nesta terça-feira, 28, e levados à Praça São Lucas e não estavam na contagem oficial de óbitos divulgada pelas autoridades fluminenses.
“Diante da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que já tem como resultado mais de cem mortos, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro reafirma seu compromisso com a defesa intransigente dos direitos fundamentais, com a preservação da vida e com a defesa da dignidade das pessoas”, diz uma nota enviada pelo órgão.
A Defensoria Pública afirma que tem ouvido e acolhido os moradores dos locais impactados pela ação policial e familiares das vítimas fatais, “buscando assegurar que cada relato contribua para a necessária resposta institucional à violência estatal nunca antes vista”. O órgão também apresentou ao Conselho de Monitoramento da ADPF 635 o relatório das escutas dos moradores dos locais da operação e cobrado o cumprimento das diretrizes estabelecidas.
Equipes da Defensoria Pública também estão no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio para ajudar na identificação dos corpos das vítimas. Além disso, Defensores Públicos atuam junto às audiências de Custódia e no Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) para oitiva dos adolescentes apreendidos.
Antes mesmo da confirmação da Defensoria, a etapa desta terça da Operação Contenção já era a mais letal da história do Rio de Janeiro. Segundo os números oficiais, confirmados pelo Terra com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, da etapa desta terça-feira, 28, da Operação Contenção, 60 suspeitos e quatro policiais foram mortos.
De acordo com levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), a operação é a mais letal da história do Rio e superou a chacina policial no Jacarezinho (Zona Norte) em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas em conflito com as forças do Estado – contando o óbito de um policial.
Os pesquisadores apontam, ainda, que as três operações policiais na cidade do Rio com mais óbitos registrados desde 1990 aconteceram durante o governo de Cláudio Castro (PL), reeleito governador na eleição passada, em 2022.
Na manhã desta quarta, o governador chamou a operação de “sucesso”. “Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais”, disse.
A ação de ontem ainda prendeu 81 suspeitos e apreendeu 90 fuzis. A Polícia Civil esperava que cem traficantes fossem detidos.









