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Motorista de ônibus com corintianos poderá responder por homicídio culposo
O motorista que conduzia torcedores do time do Corinthians de Belo Horizonte a São Paulo, na noite de 20 de agosto deste ano, poderá responder por homicídio culposo, com pena agravada por usar o veículo para transportar pessoas. O inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais, que foi concluído, aponta que o acidente foi provocado por uma falha no sistema de freios por uso de peças inadequadas, que sobrecarregam o mecanismo. Sete pessoas morreram no acidente e 27 ficaram feridas.
“Durante as investigações, foram constatadas irregularidades no veículo que comprovaram a negligência e imprudência do condutor. Uma delas era em relação ao sistema de freios em que estava sendo usado uma peça inadequada, o que motivou o acidente”, afirmou o delegado responsável pela investigação, Rodrigo Fagundes.
O veículo também estava com pneus carecas, com arames à mostra, tacógrafo inoperante, além de falta de registro na Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). “Foi uma somatória de erros que resultou na morte dessas sete pessoas e feriu outras dezenas”, disse.
O veículo que transportava 43 pessoas na ocasião, tinha 15 anos de uso, e, segundo o delegado, em 2019 foi reprovado duas vezes em vistorias do Detran do Rio de Janeiro por apresentar problemas no sistema de frenagem. Ainda segundo o delegado, o condutor assumiu que já realizava esse serviço há vários anos, inclusive levando torcedores para outros países.
Próximos passos
A Polícia não vai pedir pela prisão do condutor. A denúncia agora é encaminhada ao Ministério Público que pode acatar ou pedir novas diligências à ação.
Como o inquérito foi concluído antes do prazo de seis meses, as pessoas que ficaram feridas no acidente também podem representar contra o condutor por lesão corporal.
A pena pode variar de 2 a 4 anos de prisão pelo crime de homicídio culposo, podendo a pena ser gravada e o período de reclusão ampliado.
Relembre o caso
O acidente com um ônibus com torcedores do Corinthians aconteceu na madrugada do último domingo (20 de agosto). O veículo capotou na rodovia Fernão Dias, no trecho entre Igarapé e Brumadinho, na Grande BH. Dos 43 passageiros que estavam no veículo, sete morreram.
O coletivo seguia sentido a cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, após a partida entre Cruzeiro e Corinthians, disputada na noite de sábado (19 de agosto), no Mineirão. Testemunhas disseram que o ônibus perdeu o freio quando passava pelo trecho.
Segundo a ANTT, o tacógrafo, item usado para checar como estava o ônibus durante o trajeto e funciona como a “caixa-preta” de um avião, estava com a licença vencida. O veículo também não tinha autorização para transportar passageiros.
O ônibus foi contratado por uma subsede da Gaviões da Fiel do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo. O coletivo levava torcedores das cidades de São José dos Campos (SP), Jacareí (SP), Caçapava (SP), Taubaté (SP) e Pindamonhangaba (SP).