CIDADES
Mulher relata desespero antes de ônibus tombar no DF: “A gente gritou”
Entre as sete vítimas que morreram no acidente envolvendo o ônibus da Iristur Transportes e Turismo Ltda., na noite desse sábado (21/10), estão três mulheres e um homem. O coletivo, que vinha do Maranhão com destino a Brasília, capotou na BR-070, na área de Ceilândia, e não tinha autorização para rodar. O acidente ocorreu no momento em que o veículo era escoltado por fiscais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Outras 18 pessoas ficaram feridas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram quatro óbitos confirmados no local. Cinco dos sete mortos na tragédia foram identificados até o momento. Um dos corpos ficou bastante mutilado, ainda de acordo com os socorristas.
Veja o nome das vítimas:
1. Maria Eliete Gomes da Silva, 57 anos;
2. João Freire de Sousa, 57 anos;
3. Maria de Deus Fernandes Crateus, 64 anos;
4. Francisco Ferreira da Silva, 71 anos;
5. Claudia Maria Moreira, 49 anos;
6. Vítima não identificada;
7. Vítima não identificada.
Maria Eliete morreu no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A sexta pessoa morreu no Hospital de Base, maior unidade de saúde do DF. A sétima vítima ainda não foi identificada. Dos 18 feridos, quatro foram levados em estado grave aos hospitais do DF. Ao todo, o ônibus transportava 32 passageiros.
Moradora da Cidade Ocidental (GO), no Entorno do DF, Sebastiana Rosa de Oliveira (foto em destaque) estava entre os passageiros. À repórter Thalita Vasconcelos, do Metrópoles, ela contou que, antes do acidente, o motorista pegou o documento de todos os passageiros e disse que tinha ligado para o dono do ônibus, após ser parado na fiscalização.
“Depois saiu acelerado. Chegou aqui a gente gritou, mas ele já tinha feito a curva. Sorte a nossa que tinha essa vala. Se não tivesse, a gente tinha descido aquele barranco. Não sabíamos que o ônibus era clandestino, não. Diziam que tinha legalizado”, afirmou Sebastiana.
O veículo da empresa, com sede em Taguatinga, além de irregular, estava com os pneus carecas. Chovia no momento do acidente.
Vistoria e fuga
O motorista recebeu ordem de parada no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) da BR-070, pouco depois de Águas Lindas de Goiás, onde passou pela vistoria de fiscais da ANTT. Na ocasião, ficou constatado que se tratava de transporte pirata.
Seguindo o protocolo, os fiscais escoltariam o ônibus até o terminal rodoviário mais próximo, no caso. O combinado seria que o motorista deixasse todos os passageiros na rodoviária de Taguatinga e que providenciasse transporte regular para que todos seguissem viagem até os respectivos destinos.
Na altura de Ceilândia, o condutor passou a acelerar o veículo, na tentativa de despistar os fiscais da agência reguladora. Em determinado momento, com a pista escorregadia devido à chuva, perdeu o controle da direção e tombou o ônibus, no canteiro central da BR-070.
Em nota, a ANTT lamentou o ocorrido e prestou solidariedade aos familiares das vítimas do acidente.
“A Agência Nacional de Transportes Terrestres lamenta e expressa solidariedade aos familiares das vítimas do acidente envolvendo um ônibus neste sábado (20) na BR-070, no Distrito Federal e esclarece que fornecerá todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.
A ANTT informa que o veículo de placa JHN-2973 não possui autorização para transporte interestadual de passageiros, sendo considerado um serviço clandestino. O ônibus foi abordado no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde a corporação e fiscais da ANTT constataram a situação irregular do transporte. Como procedimento padrão neste tipo de situação de flagrante, o veículo é escoltado até o terminal rodoviário mais próximo, onde é efetivamente apreendido e os passageiros podem seguir viagem por linha regular, sob responsabilidade de custa da empresa infratora.
O acidente ocorreu quando o motorista do ônibus, que estava sendo escoltado por uma viatura da ANTT até o Terminal Rodoviário de Taguatinga, tentou empreender uma fuga na BR-070. A Agência esclarece que, em nenhum momento, houve perseguição por parte da equipe da Agência. Na fiscalização no posto da PRF, além de constatar a falta de autorização para transporte, foi identificado que o veículo estava sem seguro e com os pneus carecas.
Vale destacar que, nas empresas outorgadas pela Agência, quando ocorrem acidentes, existe a obrigação de comunicação dos fatos, e dependendo da causa, são abertos procedimentos para verificação das condições de segurança.”