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No Maranhão, eleitor diz que candidato a prefeito comprou seu voto com materiais de construção
No município de Nova Olinda, no Maranhão, cidade com pouco mais de 14 mil habitantes, a disputa pela prefeitura foi marcada por uma das mais apertadas margens de vitória em todo o Brasil. Ary Menezes (PP) foi eleito prefeito com uma diferença mínima de apenas dois votos sobre sua adversária, Thaymara Amorim (PL).
Contudo, após a acirrada eleição, surgiram denúncias de eleitores que afirmam ter vendido seus votos em troca de benefícios e que, posteriormente, passaram a receber ameaças e sofrer represálias, segundo reportagem exclusiva do Fantástico, da TV Globo.
Danilo Santos, lavrador da região, é uma das pessoas que admitiram ter sido abordadas antes da votação para negociar seu voto. Segundo ele, Ary Menezes, acompanhado de Ronildo da Farmácia (MDB), vice de sua chapa, e Clecia Barros (Republicanos), aliada do grupo, foi até sua casa para fechar um “acordo”.
“Ary Menezes, com Ronildo, Cleo Barros, foram na minha casa, entendeu? Pra gente fechar um compromisso”, contou Danilo, revelando que o trio perguntou diretamente o que ele gostaria em troca de seu voto.
Danilo relatou ter solicitado 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e madeira para a construção de sua casa. “Eles falaram para mim que se fosse só isso, já estava tudo comprado. Que no outro dia era para eu ir buscar lá no galpão”, afirmou. Contudo, o lavrador disse que não recebeu todo o material prometido e, por conta disso, decidiu voltar atrás em sua decisão. Pouco tempo após a eleição, ele contou que um caminhão da prefeitura foi à sua casa para recolher as telhas que haviam sido entregues.
“Como não me deram o material todo, ficaram me ameaçando”, afirmou Danilo. Segundo ele, a retirada das telhas ocorreu dois dias após as eleições, aumentando o clima de pressão e intimidação.
Outra denúncia partiu da pescadora Luciane Souza Costa, que também afirmou ter sido ameaçada por não votar em Ary Menezes, após seu marido ter aceitado dinheiro em troca do voto. Luciane gravou imagens nas quais um homem, vestindo uma camiseta com o número do candidato, a ameaça diretamente.
“Como eu não peguei o dinheiro, foi o meu marido que pegou, e eu postei nos meus ‘Status’ dando apoio para a minha vereadora, me ameaçaram de morte, eu, meu marido e minhas filhas. Que se a gente não votasse neles, eles iam matar a gente”, relatou Luciane.
O que dizem os envolvidos
Em nota, Ary Menezes afirmou ao Fantástico que “a compra e venda de votos compromete a democracia do pleito e deve ser apurada pela justiça eleitoral”, e se colocou à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.
Ronildo da Farmácia, vice-prefeito eleito, negou as acusações. “Eu dou a garantia que da minha parte e da parte do Ary, 100% de certeza que não oferecemos dinheiro em troca de votos para ninguém. Fizemos uma campanha limpa, está entendendo?”, declarou ele.
Já a defesa de Clecia Barros, também envolvida nas denúncias, afirmou em nota que “Clélia não tem conhecimento sobre a captação ilícita de votos apontada na reportagem”, afirmando que sua trajetória pública “sempre foi pautada pela honestidade, respeitando os pilares da democracia”.