Onça que matou caseiro apresenta comportamento agressivo em clínica de reabilitação

A onça-pintada responsável pela morte do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, em Mato Grosso do Sul, mostra-se reativa e agressiva no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em Campo Grande. Quatro dias após sua captura, o felino, segundo boletim médico de segunda-feira (28), apresentou comportamento ameaçador em relação aos humanos, indicando potencial para ataque.

Apesar do comportamento agressivo, os veterinários relatam que o animal está consciente e alerta. Exames de ultrassonografia revelaram alterações agudas no fígado e rins, embora não indiquem, neste momento, insuficiência desses órgãos. Exames anteriores já haviam apontado comprometimento renal e hepático. Uma gastroenterite também foi diagnosticada, e aguarda-se resultados adicionais para determinar se há causa infecciosa. O animal apresenta anemia leve e chegou ao CRAS com 26 kg abaixo do peso ideal, sendo alimentado com peixes e frangos, com ganho de peso gradual e monitorado.

A professora de medicina veterinária da UFMS e responsável pelos cuidados do animal, Thyara de Deco Souza e Araujo, enfatiza a necessidade de paciência no processo de recuperação e ganho de peso.

Importante ressaltar que, após a reabilitação, a onça não retornará ao seu habitat natural. Seu destino será uma instituição mantenedora de fauna adequada, após a estabilização do seu quadro clínico e a reversão da desidratação. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Semadesc-MS (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) decidirão conjuntamente o local, integrando o animal ao Programa de Manejo Populacional da Onça-Pintada, coordenado pelo ICMBio, visando a conservação da espécie. A decisão final sobre o destino do animal ocorrerá dentro do escopo deste programa, que abrange todos os biomas brasileiros. O caso destaca a complexidade do manejo de animais silvestres após situações de conflito com humanos.