Operação Contenção no Rio: Ação Policial histórica revela desafios do narcoterrorismo

Rio de Janeiro – Uma vasta operação de segurança, denominada Operação Contenção, mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares nos complexos do Alemão e da Penha, marcando a maior ação do gênero nos últimos 15 anos no Rio de Janeiro. O objetivo principal é a captura de lideranças criminosas e a contenção da expansão territorial do Comando Vermelho.

A operação, deflagrada após um ano de investigação e 60 dias de planejamento, já resultou em um balanço parcial de 81 presos e na apreensão de 72 fuzis, além de uma grande quantidade de drogas ainda em processo de contabilização. Cumprindo mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pela Justiça, a ação se destaca também pelo número de mortos, superando a operação no Jacarezinho em 2021, e sendo considerada a mais letal do estado.

O governador Cláudio Castro, em coletiva de imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), enfatizou a determinação do Estado em reafirmar seu poder nos territórios dominados pelo crime. “Estamos atuando com força máxima e de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado”, declarou.

Castro também destacou a evolução do crime organizado para o “narcoterrorismo”, com criminosos utilizando tecnologia de guerra, como drones, bombas e armamentos pesados. Diante desse cenário, o município do Rio de Janeiro elevou o nível de atenção para estágio 2, indicando risco de ocorrências de alto impacto.

As operações policiais causaram interdições temporárias em diversas vias nos arredores dos complexos do Alemão, Penha, Chapadão, São Francisco Xavier, Freguesia e Taquara, impactando o trânsito e alterando o itinerário de mais de 100 linhas de transporte público.

Nas redes sociais, a situação gerou grande repercussão, com termos como “Comando Vermelho” e “Hell de Janeiro” entre os mais comentados. Usuários compartilham vídeos de tiroteios, fumaça e interdições, evidenciando o clima de tensão na cidade.

Uma pesquisa recente do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e do Instituto Fogo Cruzado revelou que o Comando Vermelho foi a única facção criminosa a expandir seu controle territorial no Grande Rio entre 2022 e 2023. Com um aumento de 8,4%, a organização ultrapassou as milícias e passou a controlar 51,9% das áreas dominadas pelo crime na região, retomando a liderança de 242 km² que haviam sido perdidos para as milícias em 2021.

Este cenário desafiador exige uma resposta contínua e integrada das autoridades para garantir a segurança e o bem-estar da população carioca.