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CIDADES

Peritos da Aeronáutica analisam motores do avião da Voepass que caiu em Vinhedo

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Peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) vão começar a analisar os motores do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, no interior paulista, na sexta-feira (9). O acidente deixou 62 mortos, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes.

A análise dos motores do ATR-72 da antiga companhia Passaredo começa após técnicos do Cenipa conseguirem extrair todas as informações dos dois gravadores de voo, as “caixas-pretas”.

No novo estágio do trabalho, “serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo pormenorizado de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros”, informou a Força Aérea Brasileira (FAB) em nota divulgada nesta terça-feira (13).

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As caixas pretas foram encaminhadas na manhã de sábado (10) para o Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (LabData) do Cenipa, em Brasília, onde uma equipe técnica especializada examina os dados dos equipamentos. Eles contêm as conversas e informações técnicas do avião durante os voos. São dois os equipamentos:

  • Cockpit Voice Recorder (CVR): gravador de áudio que registra as conversas entre piloto e copiloto, deles com os comissários de bordo e com o controle de tráfego aéreo.
  • Flight data recorde (FDR): gravador de informações e parâmetros da aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes, botões acionados, entre outros dados técnicos da aeronave ao longo do trajeto.

A FAB reiterou a intenção e previsão de divulgar, no prazo estimado de 30 dias, o relatório preliminar do acidente. A investigação visa apontar falhas e evitar outros acidentes. As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar a queda do avião. É o acidente aéreo com maior número de vítimas em solo brasileiro desde 2007.

A Polícia Civil de São Paulo conduz outra investigação, para apontar causas e culpados. Este pode resultar em processo judicial, com responsabilizações cíveis e criminais. O local do acidente, o  quintal de uma casa em condomínio horizontal, seguia preservado para perícias adicionais nesta terça-feira.

Integrantes da Polícia Científica voltaram ao local na segunda-feira e, após nova perícia, encontraram material genético onde estão os destroços da aeronave, o que impediu que a companhia aérea e a seguradora entrassem na área para fazer a triagem dos objetos pessoais e bagagens das 62 vítimas.

A Polícia Científica pode, a qualquer momento, pedir nova perícia e, caso seja encontrado material genético, o trabalho de remoção dos objetos pessoais é adiado, o que aconteceu na segunda-feira.

IML conclui que vítimas morreram por politraumatismo

O Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo concluiu, também nesta terça-feira, que as vítimas do acidente em Vinhedo morreram de politraumatismo – sofreram diversas lesões, com fraturas. O avião despencou mais de 4 mil metros de altura em apenas um minuto até atingir o solo.

“A aeronave, ela despencou, caiu de ‘barriga’ no chão e provocou um politraumatismo generalizado. Ela explodiu, pegou fogo. Grande parte da região traseira do avião – da cauda para trás – sendo que todos (os passageiros) tiveram politraumatismo e morreram de imediato. Uma morte instantânea”, afirmou Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.

A aeronave não explodiu no céu. Teve uma queda praticamente livre. Ocorreu um incêndio somente após a queda do avião. “Com a labareda, com o fogo que pegou, alguns corpos foram queimados, já após as mortes. Hoje, temos a certeza que todas as vítimas tiveram morte por politraumatismo. Temos a convicção e a certeza científica de que todos morreram de politraumatismo. A aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos sofreram politraumatismo”, acrescentou Reis.

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O incêndio ocorreu após o avião ter atingido o solo. Algumas vítimas tiveram queimaduras, mas não chegaram a ficar totalmente carbonizadas. “As queimaduras que culminaram com a carbonização de alguns corpos foram secundárias ao politraumatismo. Garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa. Não liberamos nenhum corpo se não houver certeza absoluta nesta verificação. Por isso, o processo daqui para frente é um pouco mais lento, minucioso”, explicou Reis.

Familiares doam material genético para identificação dos corpos

Todos os corpos foram necropsiados até domingo (11). Depois, permaneceram à disposição das equipes especializadas para a coleta de exames radiológicos, principalmente da cavidade bucal para que fosse feita  a comparação odontológica com eventuais exames prévios das vítimas do acidente.

Também foi realizada a coleta de material biológico para eventual exame de comparação de DNA, no sentido de tentar identificar melhor as vítimas. Não há prazo para a conclusão.

Conforme boletim do governo de São Paulo divulgado na manhã desta terça-feira, 35 corpos foram identificados e 17 liberados aos familiares, que são os primeiros a serem comunicados sobre o andamento do trabalho de reconhecimento. Os outros 18 estão em processo de liberação e aguardam documentação complementar.

Mais de 50 familiares foram acolhidos no Instituto Oscar Freire, espaço próximo ao IML, onde especialistas colheram informações que pudessem ajudar na identificação das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta de amostras de DNA.

Até a noite de segunda-feira, haviam sido coletados DNAs de 28 famílias em São Paulo e outras 17 em Cascavel. Há, ainda, familiares que residem no Ceará e poderão realizar as coletas de materiais biológicos junto à Polícia Científica local.

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