CIDADES
Quem é Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS preso em operação da PF contra desvios em aposentadorias

Preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, 13, o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Alessandro Stefanutto é investigado na Operação Sem Desconto, ação que apura um esquema nacional de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, envolvendo o pagamento de propina a servidores e a participação de associações de fachada.
A suspeita é que Stefanutto tenha permitido os desvios durante sua gestão à frente do instituto.
Nomeado pelo então-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em julho de 2023, Stefanutto assumiu o comando do INSS com a missão de reduzir as filas de atendimento e modernizar processos internos. Em seu discurso de posse, ele destacou o compromisso com a transparência e afirmou que o órgão é “a esperança de muitos brasileiros”.
Sua gestão, no entanto, foi marcada por pressões diante do alto volume de benefícios represados e de denúncias de irregularidades. Ele pediu demissão do cargo em 23 de abril, poucos dias após se tornar alvo da PF.
Antes de chegar à presidência do INSS, Stefanutto teve uma longa trajetória no serviço público. Formado em Direito pela Universidade Mackenzie, é mestre em Gestão e Sistemas de Seguridade Social pela Universidade de Alcalá, na Espanha, e possui especializações em Mediação e Arbitragem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Gestão de Projetos.
Ele atuou como técnico da Receita Federal, exerceu funções no Tribunal de Justiça de São Paulo e na Consultoria Jurídica do Ministério da Ciência e Tecnologia. Entre 2011 e 2017, foi procurador-geral do INSS, além de ter ocupado o cargo de diretor de Finanças e Logística da autarquia antes de ser promovido à presidência do INSS.
A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU) e que resultou em sua prisão, apura crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário e corrupção ativa e passiva. Nesta nova fase, foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão e 10 de prisão preventiva em 15 estados e no Distrito Federal.
De acordo com a investigação, o esquema teria desviado até R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024 –período que abrange tanto o governo de Jair Bolsonaro (PL) quanto o de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a PF, ex-diretores e pessoas ligadas a eles receberam mais de R$ 17 milhões de intermediários das associações fraudulentas. À CNN, a defesa de Stefanutto classificou a prisão como “ilegal” e afirmou que ainda não teve acesso à decisão judicial. “Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação”, diz a nota.









