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Randolfe diz que derrota da MP foi “ação orquestrada” e acusa Tarcísio de atuar para “sabotar o Brasil”

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), reagiu à derrota do Planalto na Câmara dos Deputados e acusou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de atuar nos bastidores para derrubar a medida provisória que taxava bancos, casas de apostas e grandes fortunas.
“Uma medida provisória que taxava bancos, bets e bilionários. Não é o fim do mundo para o governo, mas mostra as opções políticas da nossa oposição. A nossa oposição começou a entrar na vibe da eleição do ano que vem. Só que a vibe que eles estão entrando é uma vibe contra o Brasil. Eles resolveram entrar na lógica de que, para tentar derrotar o governo do presidente Lula, não tem problema prejudicar o Brasil e o povo brasileiro”, afirmou Randolfe.
Segundo o senador, a movimentação na Câmara foi “uma ação orquestrada” que envolveu lideranças partidárias e teve influência direta do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas. O parlamentar citou ainda que a ofensiva da oposição reflete o início de uma disputa antecipada pela sucessão presidencial.
“Não é desesperador o resultado. É uma escolha, que foi feita a partir de uma ação orquestrada, envolvendo a eleição de 2026 com a participação direta de seu Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, que arquitetou e organizou líderes de ontem para hoje. É uma medida pensando em sabotar o país. O objetivo é de prejuízo ao Brasil. Temos alternativas que serão colocadas à mesa. O que o governo não fará é ficar sem cumprir o arcabouço fiscal”, disse o líder do governo.
A declaração veio após o plenário da Câmara retirar de pauta a MP que previa aumentar a tributação sobre investimentos e juros sobre capital próprio — uma das principais apostas da equipe econômica para reforçar o caixa do governo em 2025.
Nos bastidores, interlocutores relatam que aliados do governador paulista intensificaram conversas com parlamentares de centro e centro-direita, pedindo resistência à proposta. A articulação teria resultado na adesão de siglas como União Brasil e Progressistas à obstrução, o que inviabilizou a votação do mérito.
A medida, apresentada em julho, previa arrecadar até R$ 20 bilhões, mas o governo viu o texto perder validade antes de ser analisado. Apesar da derrota, Randolfe minimizou o impacto fiscal e reforçou que o Executivo buscará novas alternativas de arrecadação.
“Não é desesperador. Temos alternativas que serão colocadas à mesa”, repetiu o senador.
O episódio reforçou a leitura dentro do Planalto de que Tarcísio de Freitas consolidou sua influência política sobre o Centrão e passou a atuar como um dos principais antagonistas de Lula no tabuleiro nacional — antecipando, na prática, o clima eleitoral de 2026.
Sinergia com Motta
O líder do governo destacou que “a Câmara fez uma escolha influenciada pelos agentes que vão participar da eleição em 2026”. Segundo ele, “essa escolha é uma escolha de sabotagem ao Brasil. Acho bom isso vir a ocorrer porque faz uma separação; diz quem é quem. Quem quer antecipar o jogo eleitoral, quem quer ficar contra o Brasil e contra os brasileiros. Diz quem quer se alinhar ao bolsonarismo. Traduz quem de fato está preocupado com o país.”
Questionado sobre a atuação de Hugo Motta, Randolfe revelou alinhamento entre o presidente da Câmara e a base governista. “Não temos do que nos queixar do presidente Hugo Motta. Ele buscou, esteve à disposição para ajudar o governo nessa construção. Eu repito: os atores que entraram foram atores preocupados mais com eleição do que com o Brasil. Foi o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mobilizando presidentes de partidos.”
