Relatório do CIMI expõe massacre de crianças indígenas no Amazonas

O relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), expõe uma realidade alarmante: o Amazonas lidera, pelo segundo ano consecutivo, o ranking de mortes de crianças indígenas no país. Em 2024, 274 crianças indígenas com até quatro anos de idade perderam suas vidas no estado, um número aterrador que exige uma resposta imediata e contundente das autoridades.

A pneumonia (103 casos), diarreia (64 casos) e desnutrição (43 casos) emergem como as principais causas desses óbitos evitáveis, revelando um cenário de profunda vulnerabilidade e falta de acesso a cuidados básicos de saúde. A comparação com outros estados reforça a gravidade da situação: Roraima registrou 139 óbitos e Mato Grosso, 127.

A tragédia não se limita às mortes infantis. O Amazonas também ocupa a segunda posição no ranking de assassinatos de indígenas, com 45 casos registrados em 2024, atrás apenas de Roraima (57 casos). Ainda mais preocupante é o fato de o estado liderar em casos de violência por omissão do poder público, com 75 ocorrências registradas, superando Mato Grosso do Sul (42) e Roraima (26). Essa omissão, que se manifesta na falta de acesso à saúde, educação e segurança, contribui diretamente para o aumento da vulnerabilidade das populações indígenas e agrava a situação de violência e mortalidade.

Os dados do Cimi expõem a urgência de ações efetivas para proteger os povos indígenas do Amazonas. A falta de políticas públicas adequadas, o descaso com a saúde e a segurança dessas comunidades, e a persistência da violência exigem uma resposta imediata e contundente por parte dos governos federal e estadual, para que a vida e a dignidade desses povos sejam, enfim, respeitadas e protegidas. O silêncio diante dessa tragédia é, em si mesmo, um ato de violência.