Restaurante Jamile não tinha autorização da Prefeitura de São Paulo para reformas

O restaurante Jamile, cujo mezanino desabou na última quarta-feira, 8, não tinha autorização da Prefeitura de São Paulo para realizar reformas estruturais. O acidente ocorreu na Rua Treze de Maio, no bairro Bela Vista, no Centro de São Paulo.

De acordo com a Subprefeitura da Sé, a empresa protocolou três pedidos de reforma do imóvel, mas que não foram aprovados pelo órgão por falta de documentação. Em nota ao Terra, a Subprefeitura da Sé informou que a primeira solicitação foi protocolada em 2012, no entanto, foi rejeitada.

Em 2015 e 2019, outros dois pedidos foram apresentados e também indeferidos por falta de documentação exigida. Em 2021, o processo foi encerrado. As reformas negadas pelo órgão incluíam a instalação do mezanino, que desabou causando a morte da funcionária Suênia Maria Tomé Bezerra, de 51 anos, e deixando oito pessoas feridas.

No comunicado, a Subprefeitura da Sé ressaltou que o restaurante Jamile possui licença de funcionamento válida, emitida em 2022 e licença sanitária vigente da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). “A Defesa Civil foi acionada pelo Corpo de Bombeiros e, após vistoria, realizou a interdição total do imóvel nesta quarta-feira (08) por risco de colapso. Imóveis vizinhos não foram atingidos”, afirmou o órgão.

Como foi o desabamento?

O desabamento ocorreu na parte interna do restaurante e atingiu apenas funcionários. No momento do acidente, nenhum cliente estava no local, já que tudo aconteceu antes do horário do almoço, no mezanino. A área que desabou era um local onde apenas a equipe que trabalhava no estabelecimento ficava.

Inicialmente, o Corpo de Bombeiros acreditava na hipótese do acidente ter sido provocado por um vazamento de gás, o que foi descartado depois. As causas ainda estão sendo apuradas pelas autoridades.

O caso aconteceu por volta de meio-dia, e os Bombeiros foram acionados às 12h20 para ir até o local. Além dos Bombeiros, um helicóptero Águia também foi deslocado para ajudar nos salvamentos, segundo a SSP.

Além da morte de Suênia, outras oito pessoas foram feridas pelos escombros do restaurante. Em nota, a Polícia Civil informou que investiga as causas do desmoronamento. Após o desabamento, a perícia foi acionada e realizou os exames necessários para apurar as circunstâncias do acidente.

Novas perícias podem ser feitas a pedido da autoridade policial. O caso foi registrado como desabamento no 5º Distrito Policial (Aclimação), que conduz as investigações.

O estabelecimento é dos empresários Alberto Hiar, o ‘Turco Loco’, dono da grife Cavalera, e Anuar Tacach, fundador da agência Out Of Office, e tem como chef o jurado do Masterchef Henrique Fogaça — ele ressalta que não é um dos sócios.

O que diz Fogaça

O restaurante Jamile é coordenado pelo chef de cozinha Henrique Fogaça, que ficou conhecido por ser jurado do reality show culinário Masterchef, da Band. O chef, que está em viagem na Europa, lamentou profundamente o acidente. Leia a nota a seguir.

“O chef Henrique Fogaça lamenta profundamente o acidente ocorrido na tarde de hoje, 8 de outubro, no restaurante Jamile, localizado na Bela Vista, que resultou em danos estruturais e ferimentos em três colaboradores, um deles já encaminhado ao hospital e dois ainda recebendo atendimento das equipes de resgate.

Fogaça manifesta sua solidariedade integral às vítimas e a seus familiares, reafirmando que sua principal preocupação neste momento é o bem-estar de todos os envolvidos e o acompanhamento da assistência necessária.

Embora esteja fora do país, o chef mantém contato constante com os responsáveis pelo restaurante e acompanha de perto o desenrolar da situação, apoiando a apuração rigorosa das causas do ocorrido, em colaboração com as autoridades competentes.

É importante esclarecer que Henrique Fogaça não possui qualquer participação societária ou vínculo de propriedade com o restaurante Jamile, como erroneamente vem sendo dito em alguns canais de comunicação. Sua atuação se restringe à criação e assinatura do cardápio da casa, sem envolvimento na gestão administrativa ou operacional do estabelecimento.”