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Seca histórica do Rio Negro revela gravuras rupestres de 1.000 anos atrás
O nível de água no Rio Negro atingiu o ponto mais baixo em pelo menos 121 anos este mês. A tragédia no ecossistema do Norte do Brasil chegou a revelar registros de antepassados que habitaram a região. O porto de Manaus, localizada onde o Rio Negro encontra o Rio Amazonas, registrou um nível de água de 13,59 metros.
A altura representa o nível mais baixo desde que os registros começaram a ser feitos em 1902, superando o menor nível de todos os tempos anterior, registrado em 2010.
A seca extrema revelou imagens rupestres de indígenas que habitaram a Amazônia séculos antes da invasão de colonizadores portugueses. A descoberta poderá ajudar pesquisadores a entenderem mais sobre os povos que viveram na região de Manais entre 1.000 e 2.000 anos atrás.
“Gravuras rupestres no sítio arqueológico Lajes em 12 de outubro de 2023 no Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, oportunidade para colocarmos o patrimônio arqueológico da cidade de Manaus em discussão”, escreveu o fotógrafo Valter Calheiros nas redes sociais.
O sítio arqueológico Lajes já era de conhecimento dos arqueólogos desde a década de 1960; mas a queda do nível rio revelou imagens até então desconhecidas, ressaltou reportagem do Uol sobre este tema.
Helena Pinto Lima, doutora em arqueologia pela USP e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, em entrevista ao Uol, afirmou que a última vez que as gravuras e feições ficaram visíveis foi na seca de 2010.
Mas que, desta vez, mais imagens ficaram visíveis, contendo polidores, cúpulas e gravuras.
Carlos Augusto da Silva, professor da Ufam, irá analisar e fazer a descrição das gravuras, que, segundo ele, “são símbolos históricos antigos em que os povos utilizavam as rochas para registrar seus comportamentos sociais”.
“Também pode refletir que é possível que os registros representem comportamento socioambiental humanizado, em que a água, a terra e a floresta eram como irmãos. Havia zelo pela vida”, disse ao Uol