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Sem luz, idosa teme fim de tubo de oxigênio: “É o que me mantém viva”
Sem energia elétrica há mais de três dias, a idosa Silmara Camba, de 76 anos, pode a qualquer momento ficar sem o cilindro de oxigênio que a mantém viva. A mulher, moradora de Mirandópolis, na zona sul de São Paulo, vive com a mãe de 103 anos acamada e com uma cuidadora.
O apartamento de Silmara é um dos cerca de 413 mil que ainda estão sem energia, após as fortes chuvas que atingiram a região na última sexta-feira (3/11). A Enel, empresa que distribui energia para a cidade, trabalha para retomar o fornecimento. A previsão é que a luz seja restabelecida até terça-feira (7/11).
“Eu fico preocupada, muito ansiosa. Quando você depende de oxigênio, você vive angustiada. Se acabar, eu fico completamente desesperada. É o que me mantém viva. Apesar de eles dizerem que ainda dá, não dá para depender disso”, diz Silmara ao Metrópoles.
A mulher recebe seus cilindros do SUS e tem um aparelho elétrico portátil que concentra oxigênio como alternativa.
“Quem fornece para mim é o SUS. Porque eu não teria condições de comprar. Mas eu tenho o elétrico, ligado na tomada. Quando falta luz, o elétrico não funciona. Eu fico dependendo do oxigênio grande. Só que, como já faz três dias que está sem luz, o oxigênio está acabando”, diz Silmara.
A idosa está cogitando sair de casa se a luz não voltar nas próximas horas. Para isso, ela teria que descer três andares de escada, colocando em risco sua saúde.
“Eu moro no terceiro andar. Dependendo do que acontecer, eu vou ter que descer as escadas. Você imagina. Eu fico com a maior falta de ar. Não tenho condições. Vou fazer isso só em último caso. Eu teria que ir para a casa da minha irmã”, afirma.
103 anos
A mãe de Silmara, Estela Correa, de 103, é acamada e depende de uma cadeira de rodas para sair do apartamento. Desde a última sexta-feira, ela está sem sair de casa.
“Para ela é muito ruim. Todo dia ela desce com a cuidadora, para sair um pouco de casa. Então a minha mãe sente falta de ver outras pessoas, de ir lá para baixo. E se ela precisar ir no médico? Como é que vai fazer? Não dá para ela descer de cadeira de rodas três andares”, afirma Silmara.
Sem previsão
A cuidadora Josefa Ferreira, de 68 anos, que mora com as idosas, diz que está tentando desde sábado (4/11) pedir um novo cilindro de oxigênio para a White Martins, empresa que fornece os objetos para o SUS. O clima na casa, segundo ela, é de desespero.
“O oxigênio está acabando. Eu ligo lá, e eles falam que vêm, mas até agora nada. Desde sábado eu ligando. Está difícil o negócio aqui. Elas estão desesperadas”, afirma Josefa.
“Eu estou com medo de acabar qualquer hora. Eu ligo e eles falam: ‘Tal hora a gente vai levar’. E fica nisso. Está para acabar a qualquer segundo. O outro está vazio”, completa.