Segundo dados do banco BTG Pactual, só a Shein faturou cerca de R$ 8 bilhões no mercado brasileiro ano passado. Para se ter ideia do tamanho do negócio, basta saber que a Guararapes (dona da Riachuelo), segunda maior empresa do varejo de moda local, faturou os mesmos R$ 8 bilhões no mesmo período. Com isso, a Shein “colou” na líder do segmento, a Lojas Renner, que faturou R$ 11 bilhões em 2022.
A expectativa era que a Shein assumisse a liderança de vendas no Brasil em 2023, com um faturamento estimado de R$ 16 bilhões. Mas a mudança na tributação coloca em dúvida o crescimento acelerado das estrangeiras no mercado local. A razão para isso é óbvia: o imposto de 60% será um enorme desestímulo às vendas.
R$ 8 bilhões
Não é possível saber ainda como o imposto será recolhido pela nova regra. Mas, com o fim da isenção, um brasileiro que comprar, por exemplo, produtos no valor de R$ 250 (cerca de US$ 50) recolheria R$ 150 em imposto de importação. O valor total da compra saltaria para R$ 400.
A equipe econômica espera arrecadar R$ 8 bilhões com o fim da isenção de compras para os sites estrangeiros. O reforço na receita parte do pressuposto que as vendas seguirão aquecidas, algo difícil de ocorrer, diante do risco de o consumidor deixar de comprar por causa do custo extra do imposto.
Também vale lembrar que, mesmo que a estimativa de R$ 8 bilhões se concretize, o esforço de recuperação de receitas a ser feito pelo governo para cumprir o novo arcabouço fiscal está próximo de R$ 150 bilhões.
O fim da isenção forçará, de uma forma ou de outra, a regularização tributária do segmento, mas a nova regra coloca as plataformas chinesas na beira do abismo. Além disso, a alíquota elevada significará, na prática, o fim do acesso do consumidor local a um leque mais diversificado e barato de produtos.
O que dizem as empresas
Em nota enviada ao Metrópoles, a Shein diz que as faixas de isenção tributárias “são adotadas por muitos países com o objetivo de facilitar o comércio internacional e propulsionar o crescimento local”.
“Reconhecemos a importância em propor melhorias para as regras no Brasil de modo a fornecer segurança jurídica para os operadores e garantir que milhões de brasileiros possam continuar a ter acesso ao mercado mundial, bem como a artigos produzidos localmente”, afirmou a empresa.
Procuradas, Shopee e AliExpress não responderam aos questionamentos da reportagem. O texto será atualizado caso as empresas se pronunciem.