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CIDADES

Tragédia de Brumadinho completa 5 anos e famílias lutam para inaugurar memorial

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Há cinco anos, no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho (MG) se rompeu causando um dos maiores desastres já vivenciados no Brasil.

Foram 270 vítimas fatais, incluindo 236 funcionários da Vale, 22 moradores de Brumadinho e 12 pessoas que estavam em uma pousada. Três corpos ainda estão desaparecidos e as buscas continuam.

Milhões de litros de lama contaminada com metais devastaram a região, soterrando, além das vidas, construções, o rio Paraopeba, diversas espécies de animais e uma área de quase 150 mil hectares de vegetação. A lama percorreu mais de 300 km, afetou 18 municípios e quase um milhão de pessoas. Oito cidades se abasteciam da água do rio, que ainda não foi totalmente recuperado.

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Na ocasião, a Vale foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões e, em 2021, assinou um termo de compromisso de mais de R$ 37 bilhões em indenizações, destinados a diferentes tipos de despesas, definidos pelas famílias das vítimas e comunidades atingidas.  São elas: transferência de renda, investimentos socioeconômicos, segurança hídrica, reparação socioambiental, mobilidade urbana, melhoria de serviços públicos e medidas de reparação emergencial.

Impasses

A fim de lutar pelos seus direitos e interesses, os familiares das vítimas se organizaram e criaram a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho, a AVABRUM. O grupo é o responsável por gerir o Memorial Brumadinho, que teve a construção financiada pela Vale.

As obras estão entregues, mas o espaço ainda não foi inaugurado. Depois de dois anos de impasses, apenas em agosto de 2023, as famílias conseguiram que a mineradora assinasse um compromisso garantindo que a AVABRUM é, de fato, a responsável pela governança.

No momento, a organização está em processo de se tornar uma fundação e aguarda as operações burocráticas se finalizarem para, finalmente, inaugurar o memorial. Em dezembro de 2023, foi definido o conselho curador e a diretoria executiva, que já começaram a trabalhar para acelerar a abertura do monumento.

Memorial Brumadinho

Kenya Paiva Silva Lamounier perdeu o marido Adriano Aguiar Lamounier na tragédia. Ele tinha 54 anos, trabalhava há 20 anos na Vale e atuava como técnico de planejamento de manutenção. Hoje, ela faz parte do conselho da AVABRUM e explica que, inicialmente, a intenção era apenas buscar um espaço para que as famílias pudessem depositar os segmentos corpóreos armazenados no IML.

“A gente enterrou algumas partes, mas como as buscas continuam, muito material ainda está sendo encontrado. Em 2019, eu sepultei o que tinha e depois o restante apareceu. Para não precisar passar de novo por toda essa questão de velório e enterro, decidimos buscar um espaço que fosse um depositório desses restos corpóreos”, conta Kenya.

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Para ela, a intenção do memorial é honrar as vidas perdidas sob a lama, mas não apenas isso: “Queremos que seja um espaço reflexivo sobre o que acontece quando a intervenção do homem está acima da vida das pessoas. Quando o lucro é colocado acima da vida”.

“Vamos contar a história das vidas que a Vale matou, mas também vamos contar a história do crime”, reforça Kenya.

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