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ECONOMIA

Inflação chega a 10%; até quando vai subir? Preços vão cair? Veja previsões

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Inflação subindo há 16 meses bate maior patamar desde maio de 2016Economistas dizem que inflação só desacelera entre fim deste ano e começo de 2022Veja por que redução da inflação não significa queda dos preços

A inflação vem acelerando de forma insistente desde maio de 2020,chegando a quase 10% em 12 meses. Ela corrói a renda das famílias e reduz seu poder de compra, tornando mais difícil a vida dos brasileiros.

Até quando os preços vão continuar subindo? Economistas ouvidos peloUOL dizem que a perspectiva é a inflação desacelerar, mas isso depende de uma série de fatores. Além disso, mesmo que as previsões se confirmem, isso não quer dizer que os preços de produtos e serviços do dia a dia das pessoas vão cair. A tendência é que eles apenas subam menos ou, no melhor dos cenários, se estabilizem no atuar patamar.

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As exceções, destacam economistas, são produtos cujos preços variam muito, por questões climáticas, por exemplo, caso de alimentos perecíveis. Eles, sim, podem ficar mais baratos após subirem e atingirem um pico.

Mas para a grande maioria dos produtos e mesmo serviços, os preços só caem quando o PIB (Produto Interno Bruto) encolhe e a economia entra em recessão. Aí acontece o contrário da inflação, a deflação.

Veja abaixo por que a inflação está acelerando e o que especialistas projetam para os preços.

Por que inflação está tão alta?

As principais causas da inflação atual são:

Dólar: A alta da moeda encarece produtos importados, insumos usados na produção nacional e itens que tem seu preço definido no mercado internacional, como os combustíveis. O dólar é vendido hoje acima de R$ 5,30, mas deveria estar na casa de R$ 4,70 se fossem considerados apenas os fundamentos da economia brasileira, nas contas do economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo. O que faz o dólar ir além desse patamar são as incertezas políticas, relacionadas ao andamento das reformas no Congresso e aos choques entre o presidente Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal). Esses problemas aumentam o risco-país e afastam investidores estrangeiros.Combustíveis: O dólar alto puxa os preços de gasolina, diesel e etanol. Como os transportes entram na conta de custos de todos os setores da economia, a alta dos combustíveis contamina outros preços. Em 12 meses, eles já subiram 41,2%.Energia: A crise hídrica levou o governo a acionar, desde o final de 2020, as usinas térmicas, mais caras que as hidrelétricas. Desde então, a situação só piorou. Como energia também entra na lista de custos da ampla maioria das atividades econômicas, a conta de luz mais cara também acelera a inflação. A energia elétrica aumentou 21,1% em 12 meses no país. Alimentos: Eles já estavam subindo por causa do dólar e dos combustíveis e sofreram ainda o impacto das geadas, que afetaram a produção. Na média, os alimentos subiram 16,6% em 12 meses, mas há itens que aumentaram bem mais, como óleo de soja (67,7%), feijão-fradinho (40,3%), arroz (32,7%) e carnes (30,8%).

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Expectativa é inflação desacelerar a partir de outubro

A inflação vai fechar este ano em 8,35% e encerrar 2022 em 4,1%, segundo projeções de economistas de mais de cem instituições financeiras e consultorias apuradas pelo Boletim Focus, do Banco Central.

Para que esses cenários aconteçam, precisa diminuir já em outubro o ritmo de alta de dólar, combustíveis, energia e alimentos.

O economista e especialista em setor bancário Roberto Troster vê espaço para que a inflação comece a ceder no mês que vem, mas alerta que o mercado vem errando nas apostas

O problema é que controlar a inflação é como parar um carro numa ladeira. Quanto mais você demora para pisar no freio, maior a dificuldade. O mercado errou para menos em nove das últimas doze vezes em que o IPCA foi anunciado. Ainda podemos ter um pico.
Roberto Troster, da Troster & Associados

Além disso, há uma questão técnica que ajuda a explicar a expectativa de desaceleração da inflação acumulada em 12 meses, a partir de outubro. Índices altos de inflação registrados no final do ano passado vão saindo da conta conforme o tempo passa. Em outubro, por exemplo, entra uma inflação mensal de 0,5%, substituindo outra bem maior, de 0,86%, de outubro de 2020, nas contas de Julia Passabom, economista do Itaú BBA.

Segundo ela, o pico da inflação será este mês, quando vai atingir 10,2%. Depois disso, o indicador começa a ceder, para 9,8% em outubro, e assim mês após mês.

Alimentação, energia elétrica e combustível, ainda que continuem subindo, estão desacelerando. Mas essa desaceleração será lenta, com o IPCA rodando acima de 5% até agosto de 2022.
Julia Passabom, do Itaú BBA

Felipe Sichel, do banco Modalmais, diz que a inflação vai começar a cair no primeiro trimestre do ano que vem, dependendo da desaceleração dos preços na indústria, da conta de luz e dos serviços.

Inflação pode voltar a disparar?

Apesar de a expectativa predominante no mercado ser de desaceleração a partir de outubro, economistas admitem o risco de a inflação voltar a disparar. Algumas ameaças estão no radar:

Energia: Se as chuvas não forem suficientes para uma recuperação parcial dos reservatórios das hidrelétricas, e o país tiver que aumentar ainda mais o uso de energia térmica, a conta de luz ficará ainda mais cara, puxando para cima outros preços.

O aumento de chuvas, que começa no verão, tende a aliviar a crise hídrica, tirando parte das pressões inflacionárias, segundo André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). Mas ele destaca que isso não é certo.

Já vimos de um período muito seco, com baixos níveis nos reservatórios em termos históricos e, agora, a projeção é de pouca chuva. Então essas pressões inflacionárias podem continuar até maio de 2022. Teremos um ajuste que ainda vai desafiar os orçamentos das famílias, principalmente das mais humildes e pobres.
André Braz, do Ibre/FGV

Serviços: Os preços no setor de serviços foram os que menos subiram desde o início da pandemia, em 12 meses, como manicure (4,3%), cabeleireiro (3,81%), tratamento de animal (3,27%), hospedagem (0,84%) e atividades físicas (2,88%). Mas os negócios vão tentar subir os preços com a reabertura das atividades econômicas, para recuperar parte do que a crise e a inflação corroeram. Quanto mais gente circulando e comprando, maior o espaço para que esses aumentos de preços sejam aceitos pelos consumidores. Dólar: O dólar pode continuar subindo por causa de questões que têm mais a ver com política brasileira que com a economia, como os ataques do presidente Bolsonaro ao STF e a ameaça de não respeitar os resultados das eleições. Se isso acontecer e a moeda ficar mais perto de R$ 6 do que de R$ 5, a inflação não deve desacelerar, segundo economistas.

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