Bella Campos defende protagonismo negro e saúde mental no audiovisual

“Nós construímos esse país, temos o direito de poder.”

A frase forte e direta é da atriz Bella Campos, que conversou com exclusividade com a Revista Raça para a edição 260. Reconhecida por seus papéis marcantes e pela presença firme nas redes sociais, Bella tem se destacado também como voz potente em defesa de mais espaço, dignidade e liberdade para os artistas negros no audiovisual brasileiro.

“Eu espero que o artista preto não fique limitado a um determinado número de papéis em cada obra para garantir a cota da diversidade”, afirma. “Quero encontrar pretos dirigindo, escrevendo e atuando, sendo assistidos, lidos, ouvidos e celebrados.”

Para Bella, não basta ocupar a frente das câmeras — é fundamental que a população negra tenha o direito de narrar suas próprias histórias. “O artista preto precisa ser protagonista também por trás das câmeras, a partir da nossa ótica”, defende.

Além da representatividade, a atriz, que interpreta a Maria de Fátima em ‘Vale Tudo’,  faz um alerta para um tema muitas vezes negligenciado nos bastidores: a saúde mental dos artistas negros.

Saúde mental como ferramenta de resistência

“Meu maior conselho para quem está começando é: a saúde mental é a mais importante das ferramentas”, afirma Bella. “Precisamos nos preparar para os desafios que existem, criar ferramentas internas e coletivas para enfrentá-los. Preparem-se para ser felizes, apesar das hostilidades e das portas fechadas.”

Segundo ela, em um sistema que historicamente exclui e marginaliza a população negra, cuidar do emocional é também uma forma de resistência. “As maiores armas que temos contra o sistema são a nossa felicidade e autenticidade.”

Com fala firme, olhar generoso e visão de futuro, Bella Campos reafirma seu compromisso com uma arte mais justa, plural e transformadora — onde o talento negro seja reconhecido, respeitado e celebrado em sua totalidade.