Bonner deixa ‘JN’ com metade da audiência de 1996, mas telejornal continua líder e gera medo

William Bonner se despediu da bancada do ‘Jornal Nacional’ após 10.805 dias como apresentador titular e 26 anos na função de editor-chefe.

Quando assumiu a apresentação, ao lado de Fátima Bernardes, naquele 1º de abril de 1996, o principal telejornal da Globo registrava entre 48 e 50 pontos de audiência todas as noites.

O mundo mudou, a concorrência aumentou, novas formas e fontes de informação surgiram.

Hoje, o ‘JN’ oscila entre 20 e 25 pontos. Deverá fechar o ano com média geral de 22 pontos, a mesma de 2024.

A partir do final de julho, houve aumento nos índices. Desde a estreia de ‘Três Graças’, ainda em fase de consolidação, o telejornal tem conquistado frequentemente o 1º lugar no ranking do Ibope, sendo a atração mais vista da TV. Na quinta-feira (30), por exemplo, o ‘JN’ ficou 3 pontos acima da novela das 21h.

Números à parte, o telejornal continua a ser o mais influente em todas as camadas sociais — do povo carente no Brasil profundo à elite econômica da Faria Lima.

“Segundo um deputado, um líder lá no Congresso, o medo deles (os políticos) é sair uma notícia ruim no Jornal Nacional. Isso estremece, é muito mais devastador (do que na internet)”, disse o veterano jornalista Lucas Mendes, ex-repórter do ‘JN’, no ‘Manhattan Connection’ em 2016.

Nada mudou de lá para cá: nem a devastadora cultura do cancelamento supera o temor de uma matéria desfavorável no ‘Jornal Nacional’.

E, dos extremos da direita aos limites da esquerda, quase ninguém nega uma entrevista ao telejornal que atinge mais de 30 milhões de pessoas a cada edição.