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RIO BRANCO
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ENTRETENIMENTO

Cantor perdeu o sucesso, fez figuração na Globo para sobreviver e foi esnobado

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“A consciência ri das mentiras da fama”, escreveu o poeta romano Ovídio mais de 2.000 anos atrás. Sua reflexão está mais atual do que nunca.

A fama gera ilusões: o sucesso será eterno, todas as amizades são verdadeiras, o dinheiro nunca vai acabar, jamais haverá humilhação.

Um dos cantores mais populares da MPB experimentou o estrelato e o choque de realidade imposto pela decadência.

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Quem viveu as décadas de 1980 e 1990 tem na memória a letra de ‘Meu Mel’, um dos grandes hits daquele período.

O refrão bate e fica: ‘Meu mel não diga adeus / Eu tenho tanto medo / De ficar sem o seu amor / E pra sempre ser um ser só”.

Em licença poética, podemos considerar a fama como o mel saboreado por Markinhos. Ele tocava o tempo todo nas rádios, vendia milhares de discos, era disputado pelos programas de TV como o ‘Cassino do Chacrinha’ e até fazia shows no exterior.

Mas, como aconteceu com tantos famosos daquela época, não conseguiu emplacar outras canções tão bem-sucedidas.

O progressivo esgotamento do sucesso fez ‘Meu Mel’ se tornar uma espécie de profecia a seu intérprete: ele terminou praticamente só.

Sem fama, sem dinheiro, sem apoio da indústria fonográfica, sem espaço na televisão, sem a maioria dos amigos bajuladores.

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Revelou não ter ganhado tanto dinheiro quanto o público imaginou. Sequer conseguiu comprar um imóvel.

Alguns anos atrás, matérias o recolocaram sob os holofotes por motivo indesejado: ‘Markinhos Moura passa dificuldades’, diziam as manchetes.

Ele ficou sem ter como pagar o aluguel, o plano de saúde, comprar os remédios de uso contínuo, auxiliar no sustento dos parentes no Nordeste.

A superexposição na imprensa, se por um lado pode ter sido vexante, serviu para socorrer o cantor. Conseguiu alguns trabalhos que garantiram uma sobrevivência digna.

Recentemente, ao participar do ‘Manhã do Ronnie’, na RedeTV!, Markinhos Moura revelou a Ronnie Von o abandono sofrido ao perder status.

“As dezenas de amigos que frequentavam as noites que eu fazia na minha casa, para tomar drinks, assim que viram que eu não tinha mais gravadora, sumiram.”

Ele contou uma situação triste vivida nos bastidores da TV: “Cheguei a fazer figuração na Globo para sobreviver”. “Que isso, Markinhos!”, reagiu Ronnie, incrédulo.

“Tinham pessoas muito conhecidas que ficavam no meu lado nessas figurações e não olhavam para mim”, relatou o artista.

Hoje, aos 60 anos, ele faz shows em casas tradicionais, como o Bar Brahma, e novos estabelecimentos, a exemplo do Mooca Music Hall, além de trabalhos como ator.

As atrações de TV voltaram a convidá-lo. Este ano, participou do ‘Altas Horas’ de Serginho Groisman, do ‘Programa da Eliana’ e teve ‘Meu Mel’ usada no programa sobre o ‘Big Brother Brasil 23’ no Multishow.

A maioria dos famosos atingidos pela decadência não teve a mesma sorte de ressurgir. Continuam no ostracismo. Tantos outros, infelizmente, morreram no completo esquecimento.

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