ENTRETENIMENTO
MP pede prisão de Lucas Bove, deputado acusado de violência contra Cíntia Chagas

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou o deputado estadual Lucas Diez Bove (PL-SP) por perseguição, violência psicológica, violência física e ameaça contra a ex-mulher, a influenciadora digital Cíntia Chagas. O órgão pediu à Justiça a prisão preventiva do parlamentar por descumprimento de medidas protetivas concedidas à sua ex-esposa.
Ao Terra, o MP-SP confirmou que ofereceu denúncia nesta quinta-feira, 23, mas disse que não poderia informar mais detalhes do pedido, já que ele corre em segredo de justiça.
Em seu perfil no Instagram, com mais de 7,6 milhões de seguidores, Cíntia se manifestou após saber do pedido de prisão contra o ex-marido. “Recebo a decisão com serenidade e inabalável confiança na Justiça. Trata-se de um homem público, e é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder. A violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana. Que a lei siga o seu curso e que, como sempre, a verdade prevaleça”, disse.
Ela ainda mandou uma mensagem às mulheres vítimas de situações de violência: “Não se calem. O silêncio protege o agressor”, concluiu.
Bove também se manifestou em seu perfil no Instagram. Ele criticou o fato de a imprensa ter tido acesso à decisão judicial antes dele próprio e diz que a delegada responsável pela investigação afastou acusações de violência física.
“Estou em paz, pois além de ter consciência limpa, confio na justiça e tenho fé de que a juíza será justa ao analisar tanto o pedido de prisão quanto a única narrativa que permaneceu de pé, violência psicológica”, disse.
O deputado acusa Cíntia e sua defesa de quebrarem o segredo de justiça e mentirem ao afirmar que ele teria jogado uma faca na ex-esposa. Em suas publicações, ele criticou o que chamou de “militância feminista no poder público” e alegou que o feminismo dá privilégios às mulheres e as isenta de cumprirem as mesmas regras impostas aos homens. Além disso, disse que falsas denúncias prejudicam vítimas reais.
“Sinto vergonha em nome das milhares de vítimas reais de violência que muitas vezes deixam de denunciar justamente pela descredibilização que as falsas denúncias trazem à causa”, escreveu.
Bove diz estar tranquilo, com “consciência limpa”, e confiante na justiça e imparcialidade da juíza que analisará o caso.
A defesa do deputado enviou uma nota ao Terra, em que afirma ter recebido com surpresa o oferecimento de denúncia pelo MP e o “descabido pedido de prisão formulado”. “Inexistem razões, pressupostos e ou requisitos para a cogitação ou adoção dessa medida”, diz.
A nota fala que a defesa do parlamentar não se conforma “com o vazamento contínuo de informações a respeito do processo, que possui segrego e sigilo judicial”. O texto acusa Cintia Chagas de desrespeitar “a ordem judicial que existe contra si e que reiteradamente é descumprida”.
“A defesa já se manifestou nos autos, formalmente, contra o pedido formulado pelo Ministério Público, e, agora reafirma que nosso cliente confia na Justiça e continuará empenhado a comprovar que não praticou crime algum, respeitando, como sempre fez, o que e o quanto determinado”, finaliza o texto.
Entenda as denúncias de Cíntia Chagas contra Lucas Bove
Em outubro do ano passado, a defesa de Cíntia solicitou à Justiça a prisão preventiva do parlamentar, acusando Lucas de violência doméstica e psicológica.
Os dois terminaram o relacionamento em agosto de 2024 após três meses de casados e dois anos e meio de namoro. Na época, a advogada de Cíntia, Gabriela Manssur, disse que Bove estava descumprindo a medida protetiva imposta a ele.
Um mês após o término do casamento, a influenciadora relatou os episódios de agressão à Polícia Civil. Segundo ela, o parlamentar chegou a arremessar uma faca em sua direção, que bateu na sua perna e acabou caindo no chão.
Após as denúncias, a Justiça concedeu medida protetiva a Cíntia e, por isso, Bove está proibido de se aproximar da ex-esposa ou de se comunicar com seus familiares. Ele também não pode frequentar os mesmos locais que ela, sob pena de prisão preventiva.
Na ocasião, a defesa do parlamentar alegou que “ele não infringiu qualquer medida protetiva” e que, enquanto figura pública, o deputado estadual “exerceu sua liberdade de expressão, mencionando que a verdade aparecerá e que seguirá respeitando a decisão judicial e, portanto, não se manifestaria detalhadamente sobre os fatos”.
Em agosto deste ano, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) rejeitou, por seis votos a um, uma representação que poderia levar à cassação do mandato de Bove. O pedido para instauração do processo de cassação foi apresentado por parlamentares do PSOL e da federação encabeçada pelo PT.
“Da minha parte, não vou entrar em detalhes. Como disse, não posso”, afirmou o deputado estadual. Bove qualificou a representação como “tentativa de desqualificação de um espectro político” e afirmou que a peça está baseada em “fofoca e meias verdades”. O deputado disse que, se condenado em segunda instância pelos fatos denunciados pela ex-mulher, abrirá mão do mandato.
Bove é um dos parlamentares paulistas mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele esteve com o ex-chefe do Executivo horas antes do decreto de prisão domiciliar, em 4 de agosto.









