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ENTRETENIMENTO

Péricles grava música infantil com a filha de 3 anos: ‘Ela pega minha mão, sai puxando, e tenho que obedecer’

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Péricles — Foto: Rodolfo Magalhães

Respeitado na cena do pagode e do samba, Péricles, de 54 anos, é daqueles artistas que não param. Na última semana, ele completou o lançamento de seu álbum “Calendário”, com uma homenagem a Rita Lee, mas sua agenda continua cheia. Mesmo após uma longa divulgação do trabalho com um single por vez, no Dia das Crianças, ele já vai lançar música: uma releitura de “Uni, duni, tê”, do Trem da Alegria. Dividem o microfone com o pagodeiro a filha caçula Maria Helena, de 3 anos, e MC Divertida, uma influenciadora da qual a criança é fã. E tem mais coisa em novembro, em dezembro… Sem falar dos shows. É Lidiane Faria, de 44 anos, a mulher com quem se casou há seis, que coordena sua equipe e o ajuda a lembrar dos compromissos. Que são muitos!

— No dia 12, a gente lança a releitura com a MC Divertida, que é uma youtuber muito bonitinha. Minha filha também canta nessa faixa. E a MC Divertida lança um outro trabalho em que eu participo. Em novembro, quero mostrar para todo mundo um minidoc com o Olodum. Em dezembro, vou cantar com o Maestro João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica num projeto de Natal. E aí em 2024, mais uma vez é tudo nosso!

A faixa que dá nome ao álbum, “Calendário”, é assinada por Péricles, seu sobrinho Clayson Leandro e seu filho Lucas Morato, de 30 anos. O primogênito do artista também é cantor. E Maria Helena, a caçula, já está começando a seguir os passos do pai, o que Péricles vê como um presente.

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— Fatalmente vai começar tudo de novo (risos). Ela gosta do palco, de cantar, de ir aos shows. Já tem telefone e me filma cantando. Tem ritmo, sabe o que faz! É algo nato. Lucas também tinha.

Péricles e a filha Maria Helena na gravação do clipe da releitrua de "Uni, duni, tê", do Trem da Alegria, com MC Divertida — Foto: Eduardo Galeno/divulgação
Péricles e a filha Maria Helena na gravação do clipe da releitrua de “Uni, duni, tê”, do Trem da Alegria, com MC Divertida — Foto: Eduardo Galeno/divulgação

Se esse realmente for o caminho de Maria Helena, ela vai apenas se juntar aos diversos outros membros da família Faria que tem sangue artístico correndo nas veias. Mais velho entre quatro filhos homens, Péricles se profissionalizou na música e viu os irmãos fazendo o mesmo. Renê, o mais novo, é percussionista e trabalha com ele. Breno, o segundo dos filhos, também é instrumentista e tocou por muito tempo no grupo Katinguelê. Já Denis é DJ e vai mais pro lado do rap e do hip hop.

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— Meu avô era músico e minha mãe e meu pai cantavam muito dentro de casa, ouvindo rádio. Eu me lembro de uma imagem, eu e meus três irmãos cada um com uma colher na mão e uma lata de goiabada vazia batendo lata no fundo do quintal, atrapalhando a vizinhança. Começou na infância e crescemos nessa atmosfera musical. Até os presentes que nós dávamos uns para os outros eram discos, LPs. Muito desse acervo eu tenho aqui em casa, guardado comigo com um baita carinho.

E acabou que o menino batizado como Péricles, que tem como significado “o muito glorioso”, “o muito famoso”, “aquele cercado pela glória”, virou uma figura notável no samba e no pagode. Ele ganhou reconhecimento como um dos membros fundadores do grupo Exaltasamba, que se tornou um fenômeno musical nas décadas de 1990 e 2000. Com uma carreira solo bem-sucedida desde 2012, continuou a conquistar seu espaço na cena musical brasileira, influenciando inúmeras gerações de músicos. O Rei da Voz, como foi apelidado por Mumuzinho, relembra como começou a pensar em seguir carreira.

— Foi na adolescência, na igreja. Sou católico e participei de uma comunidade de jovens. Lá aprendi a tocar violão e, em pouco tempo, tava tocando na missa. Depois, comecei a aprender cavaquinho. Fui autodidata num primeiro momento, mas depois estudei mais a fundo. Acredito que ainda não estudei o suficiente porque ainda quero melhorar.

Sua voz única e o carisma cativaram fãs em todo o país. Ele garante que vê tudo o que falam dele:

— Fico de olho nos memes, que são sempre muito carinhosos. E procuro alimentar as redes sociais. Agora, por exemplo, com a música “Ainda me iludo”, esse tema deu uma margem para poder viajar e criar um conteúdo bacana. A minha cabeça está sempre em movimento, sempre no intuito de fazer com que tudo seja leve, sem que eu perca o respeito que eu conquistei até aqui.

Seu último lançamento foi uma homenagem à lendária Rita Lee com “Desculpe o auê”.

— Foi bem difícil escolhê-la. A gente chegou em dez músicas da Rita, entre elas “Mutante”, a minha preferida. Mas “Desculpe o auê” tem essa cara de samba. A homenagem é importante não só porque ela partiu para um outro plano, mas também porque a obra dela ajudou a criar a minha maneira de enxergar a música. É revolucionária. Eu acredito nesse mundo em que as mulheres têm muito mais voz e vez — diz ele, que reúne entre seus recentes sucessos uma parceria com a ex-BBB Marvvila, nome feminino no pagode: — Eu percebo que a intervenção das mulheres no pagode só melhora. Em qualquer setor da sociedade, a presença feminina faz com que a gente tire essa casca de uma masculinidade tóxica.

Péricles com Marvvila na música "O nosso amor quer paz" — Foto: YouTube/reprodução
Péricles com Marvvila na música “O nosso amor quer paz” — Foto: YouTube/reprodução

Um dos artistas mais tocados nas plataformas de streaming, Péricles tem em “Graveto”, releitura de Marília Mendonça, a sua música mais reproduzida atualmente no Spotify, por exemplo. Ele também já gravou “Pupila”, sucesso da dupla AnaVitória com Vitor Kley. Segundo ele, essa estratégia de lançar hits de outros gêneros tem como objetivo conquistar “aqueles que gostam de samba, mas ainda não sabem”.

— Isso é importantíssimo. Consigo enxergar samba em tudo. Ultimamente, as pessoas cantam a sofrência de peito aberto. A gente sofre aquele pouquinho, mas depois a vida segue, né?

Mas, se nas músicas Péricles dá voz à dor de amor, na vida real, o coração vai muito bem… Ele subiu ao altar com Lidiane em 2017.

— Casamos há seis anos, mas estamos juntos há uma vida (risos). Ela já era uma grande amiga e confidente. Hoje, tudo o que eu faço é pensando nela. A música “Eu te amo”, cantei no nosso casamento e ofereci pra Lidiane. Também ofereci “Dona do meu camarim” — lista ele, que fala do início do romance: — Não sei dizer quando comecei a gostar dela, porque foi um estalo que me deu. Pensei: “Puxa, ela sabe tudo da minha vida, me acompanha, me incentiva…”. O medo era estragar uma amizade. Mas a gente conversou muito e viu que era o melhor caminho. E realmente tem sido!

Péricles e a mulher Lidiane — Foto: Instagram/reprodução
Péricles e a mulher Lidiane — Foto: Instagram/reprodução

Atento a tudo o que anda rolando por aí, inclusive fora do Brasil, o paulista de Santo André cantou no Dia dos Pais com o angolano Landrick e visitou Angola este ano. É de lá que vem a maior parte do DNA do sambista, num teste que ele fez em 2021 para descobrir suas origens.

— Foi uma descoberta para mim. Isso prova que nem todo mundo é 100% negro ou 100% branco ou 100% indígena, principalmente no Brasil — diz ele, que faz questão de levantar a bandeira da representatividade: — A gente precisa contribuir de alguma forma para plantar uma semente no coração, principalmente, do jovem negro, mas também de todos aqueles que almejam chegar num lugar melhor para ter melhores condições para si e para os seus. Se a gente não se sentir representado, a nossa caminhada fica pelo meio do caminho, em vão. Existe uma geração ávida por líderes. Tive grandes exemplos e a minha responsabilidade é de ser um para quem está chegando agora.

Péricles destaca a importância do bom exemplo dentro de casa com os filhos.

— Quando fui pai do Lucas, eu tinha 23 anos. Eu já estava tocando na noite e vi que precisava ser um músico bom para dar um futuro para o meu filho. Esse momento virou uma chave e foi um divisor de águas. Quando ele nasceu, também nasceu um pai. Agora, veio Maria Helena, que é uma menina negra nesse país que não tem dado o devido espaço para as mulheres. Mas vejo que o nosso exemplo dentro de casa é a melhor ferramenta que ela pode ter. O respeito que eu dou para ela e para as outras mulheres à nossa volta é a garantia de que ela pode chegar nesse mundo e exigir não ter menos do que tem em casa.

Lucas Morato e Maria Helena com o pai Péricles — Foto: Instagram/reprodução
Lucas Morato e Maria Helena com o pai Péricles — Foto: Instagram/reprodução

O nascimento da caçula despertou no cantor a busca de um estilo de vida mais saudável. Péricles emagreceu cerca de 50 quilos para conseguir se tornar um pai mais ativo.

— Maria tem uma opinião muito forte… Ela pega na minha mão, sai puxando e tenho que obedecer (risos). Mas estou muito feliz. Eu precisava ser pai dela, que está me ensinando a ser uma pessoa melhor nesse momento. Emagreci quase 50 quilos para ser esse cara que rola no chão, pula…

Ele destaca ainda a influência positiva de Lidiane em seu processo de mudança e conta como a atividade física se tornou uma parte importante de sua rotina. Em vez de recorrer à bariátrica, ele preferiu emagrecer com dieta e exercício, e a mulher é sua companheira nos treinos.

— Achei melhor que o processo fosse mais lento, assim como foi engordar. Engordei porque cuidei muito dos meus e deixei a minha vida um pouco de lado. Mas, depois do meu casamento, Lidiane me fez abrir os olhos para começar a pensar mais em mim, para que eu pudesse estar bem como pai, como marido, como amigo e como artista. Então, eu devo muito dessa minha melhora à intervenção dela, que fez com que eu me transformasse no que eu sou agora.

Péricles fazendo exercício — Foto: Instagram/reprodução
Péricles fazendo exercício — Foto: Instagram/reprodução

Na jornada da reeducação, a dificuldade não o fez esmorecer:

— O começar sempre é difícil. Fazer exercícios, balancear a dieta… Num primeiro momento, não é nada fácil. Dói o início, mas dói muito mais ficar parado sentindo dor em tudo quanto é lugar.

Com os quilos a menos, Péricles não fica mais sentado em suas apresentações, e até coreografias passaram a fazer parte dos shows.

— A dança continua na minha vida desde 2012, o ano em que eu participei do “Dança dos famosos”. Eu ganhei não só uma professora de dança, que é a Luiza Módolo, mas uma grande amiga. Ela faz parte da nossa família. As ideias principais das coreografias que eu uso nos shows são dela. Ela fez todas. Eu pedi que fosse tudo simples, para que todo mundo pudesse participar. E tem acontecido isso. Tudo ficou muito mais animado!

15/05/2012 - Péricles e a dançarina Luiza Módolo — Foto: Bob Paulino/TV Globo/divulgação
15/05/2012 – Péricles e a dançarina Luiza Módolo — Foto: Bob Paulino/TV Globo/divulgação

Péricles e os títulos do CD

‘Ainda me iludo’

“Adotei um lema da minha esposa, que é prefiro me surpreender do que me decepcionar. E é isso que tem norteado os nossos dias”.

‘Suspeitei do cara’

“Dependendo da relação, a gente desconfia, né? Acho que para você confiar em alguém, você precisa de um tempo de convivência”.

‘Na minha pele’

“É gostoso estar na minha pele. Eu me dou bem comigo mesmo e nessa função que Deus me designou. Muitos falam que queriam ser eu, mas digo: ‘Vocês não suportariam estar na minha pele por cinco minutos’’. Eu não seria capaz de ser um jornalista, por exemplo, por cinco minutos.

‘Daquele jeitão’

“Tenho um jeito muito calmo e simples de ser e de viver. Durante um tempo, eu era mais acelerado. Hoje eu vou com muito mais calma e paciência com as coisas”.

‘Fiquei no quase’

“Já tiveram algumas situações em que eu fiquei no quase. Mas foi melhor do que dar um passo e me arrepender”.

‘Calendário’

‘”Lutei muito para ser quem eu sou hoje. Acho que, se eu voltasse no tempo com o que eu sei agora, eu iria estragar tudo. Tudo que está acontecendo agora para mim está sendo ótimo”.

‘Essa não’

“Sei muito o que quero e o que eu não quero. Chegar num ponto de dizer ‘Essa não’ não aconteceria, porque me programo para as coisas, então muito do que eu imagino, acontece e fica tudo bem”.

‘Desculpe o auê’

“Tenho causado um auê aonde eu vou, não adianta. Eu desse tamanho não passo despercebido em lugar nenhum. Eu sou mais quieto, mais na minha, mas… É legal, eu lutei por isso, então vibro”.

O cantor, sob a ótica do personal Augusto Ditter

Qual é a frequência dos treinos de Péricles?

Péricles treina de três a quatro vezes por semana. Certamente é um dos alunos mais esforçados e dedicados que tenho. A meta estabelecida, em conjunto, foi de mudança de hábitos. Nós sabíamos que, se ele conseguisse melhorar em relação aos três pilares superimportantes (treino, alimentação e descanso), com certeza os resultados apareceriam.

Como é a performance dele nos treinos?

A performance atual dele está excelente dentro do que buscávamos. Uma das maiores dificuldades era conseguir incluir o treino dentro da rotina de shows e viagens, mas ele superou com muita força de vontade e disciplina.

No que ele já evoluiu desde que começou?

Hoje eu observo que a agilidade, resistência e capacidade cardiorrespiratória evoluíram. Isso contribui muito para que ele consiga fazer shows o tempo todo em pé, dançando, se movimentando e, acima de tudo, estando mais preparado para o dia seguinte.

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